O avanço da Inteligência Artificial impulsionou a demanda por capacidade de processamento de dados em larga escala. Os data centers, considerados a base desse ecossistema, consomem grandes volumes de energia. O Brasil, com sua matriz energética apoiada em fontes renováveis e custos competitivos de eletricidade, ocupa uma posição estratégica para o desenvolvimento de data centers sustentáveis.
Esse crescimento no país é tema de debate do congresso “Data Centers: A revolução industrial no Brasil” na abertura da Futurecom, que tem início no dia 30 de setembro, em São Paulo. A palestra contará com a presença de participantes como Bruno Gonçalves Santos, Coordenador de Infraestrutura de Data Centers do IBGE, e Sergio Sgobbi, Diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Brasscom.
Mercado brasileiro ganha peso e atrai investimentos
Dados da JLL Research mostram que, em 2024, o Brasil já possuía 777 MW de capacidade instalada em data centers, além de 472 MW em construção e outros 468 MW em fase de planejamento, o que totaliza 1,7 GW. O Ministério de Minas e Energia projeta que a demanda de energia pode chegar a 2,5 GW até 2037. Para sustentar essa expansão, serão necessários investimentos de R$ 54 bilhões em geração de energia renovável.
De acordo com a Brasscom, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais, o Brasil já concentra metade do mercado latino-americano de processamento de dados e deve ampliar essa fatia para 60,4% até 2029, com uma movimentação em torno de US$ 3,5 bilhões. A expectativa é de que o avanço da infraestrutura tecnológica se traduza em benefícios sociais e na qualificação de mão de obra, de acordo com avaliação de Laércio Cosentino, presidente do conselho da TOTVS e da entidade.
O Nordeste desponta no país como hub estratégico graças à matriz energética limpa e à conectividade proporcionada pelos cabos submarinos em Fortaleza. Big Techs como Microsoft e Amazon já incluem a região como fornecedora de energias renováveis, com investimentos em parques eólicos no Rio Grande do Norte em parceria com empresas do setor de energia.
Além da infraestrutura física, empresas aplicam a IA à gestão de sustentabilidade, com ferramentas que auxiliam a monitorar emissões de carbono, analisar cadeias de suprimentos e elaborar relatórios de conformidade regulatória. Essa automação contribui para atender às exigências globais de ESG.