Drex

O que é o Drex, a moeda digital brasileira?

5 minutos de leitura

Conheça mais sobre a tecnologia que envolve a maior inovação do sistema financeiro brasileiro



Por Redação em 10/01/2025

Um dos assuntos mais comentados no mercado financeiro (e fora dele também) é o surgimento de uma nova moeda no Brasil. O Drex, que também é conhecido como Real Digital, é a versão digital da moeda nacional. Ele é emitido e regulado pelo Banco Central e tem como principal objetivo a modernização do sistema financeiro brasileiro, permitindo que as transações sejam cada vez mais eficientes e seguras.

Para Caroline Capitani, VP de Estratégia e Inovação da ilegra, empresa global de estratégia, inovação e tecnologia, o Drex surge como resposta à crescente digitalização da economia e à tokenização de ativos. “Além disso, traz benefícios como a redução de custos em transações financeiras, o aumento da inclusão financeira e o estímulo à inovação”, justificou a especialista.

Para o Banco Central (BC), o Drex representa versatilidade e segurança que vai permitir que as transações financeiras sejam seguras, feitas com ativos digitais e contratos inteligentes

Já na avaliação do Santander, cada brasileiro poderá ter a posse das suas moedas. “Ela será armazenada em um sistema virtual, que permite a realização de transações no mesmo valor da cédula ou moedas. A diferença maior é que o armazenamento será virtual, através das carteiras digitais que serão disponibilizadas pelas instituições financeiras.”

A nomenclatura Drex para a moeda digital brasileira foi justificada da seguinte forma:

D – Formato Digital;

R – A moeda brasileira, Real;

E – Sistema Eletrônico que o Drex funcionará;

X – Representa a inovação.

Inovação como ponto de partida

A inovação nos meios de pagamentos foi uma das justificativas para o Banco Central começar a planejar o Drex. A emissão de moedas digitais pelos bancos centrais (Central Bank Digital Currencies – CBDCs, em inglês) ganhou relevância ao longo dos últimos anos e, hoje, o Banco Central do Brasil é visto como referência para bancos centrais de outros países.

O BC começou a acompanhar mais de perto o movimento global de “tokenização” das finanças, mas foi em 2020 que ele tirou o plano do papel e começou a desenvolver o Drex. O anúncio oficial da nova moeda foi feito em 2022 e a chegada oficial do Drex está prevista para 2025.

Caroline Capitani explicou que a implementação da nova moeda apresenta uma série de desafios, entre eles a necessidade de garantir segurança cibernética, privacidade dos usuários e uma integração harmoniosa com o sistema financeiro tradicional. Além disso, segundo a especialista, os aspectos legais e regulatórios, além dos tributários, precisam ser definidos, assim como a população precisa ser educada sobre o uso do Drex. 

A tecnologia por trás do Drex

Quando se fala em Drex, a primeira coisa que se deve atrelar é a tecnologia por trás dela. Para realizar um serviço financeiro, por exemplo, ele deverá ser liquidado pelos bancos dentro da Plataforma Drex do Banco Central, e isso envolve um ambiente de tecnologia de registro distribuído (em inglês Distributed Ledger Technology – DLT).

“O Drex tem o potencial de revolucionar o mercado financeiro brasileiro. Exemplos práticos ilustram como ele pode transformar nossa economia com, por exemplo, pagamentos de alto valor, como a compra de imóveis. Elas poderão ser realizados de forma mais eficiente e segura. Além disso, o uso do real digital em programas de benefícios governamentais pode garantir maior transparência e eficácia no uso dos recursos. O sucesso do Drex dependerá de uma implementação cuidadosa e de estratégias que demonstrem seus benefícios de maneira tangível para pessoas e empresas”, esclareceu Caroline Capitani.

Apesar do Drex ter a mesma tecnologia utilizada por criptomoedas, a blockchain, ele não será uma criptomoeda. Além disso, não sofrerá alterações no preço e será orquestrada exclusivamente pelo Banco Central. Vale lembrar que a blockchain funciona como uma cadeia de blocos em que os dados são armazenados de forma descentralizada, aumentando a segurança das transações.

Segundo a Gazeta do Povo, a nova moeda digital do Brasil é um ativo centralizado na figura do Banco Central, enquanto criptoativos como o Bitcoin, por exemplo, são descentralizados, ou seja, não há uma autoridade central que o regule.

Transparência

drex

Segundo a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária, o número de transações registradas pelos bancos teve um aumento de 19% em 2024. Esse resultado é baseado no aumento das operações em canais digitais. Atualmente, de cada dez movimentações bancárias, sete são feitas de forma digital. 

Quando falamos em Drex, falamos também de um ativo tokenizado dentro de uma blockchain. A blockchain, por sua vez, agrupa e conecta informações por meio de criptografia, garantindo a segurança das operações. 

Para o governo brasileiro, o Drex foi criado para democratizar os serviços bancários e promover a inclusão financeira no Brasil. Já o BC diz que ele fará com que mais pessoas tenham acesso a produtos tokenizados, tendo em vista aqueles que utilizam contratos inteligentes e protocolos de intermediações de compra e venda. 

Sobre a segurança do blockchain, quando o assunto em questão for a compra ou venda de um imóvel, por exemplo, devido ao fato de ser uma transação exclusivamente digital – o chamado token é atribuído para cada ativo e quem adquire esse token passa a ser dono desse ativo – evita-se atravessadores, como cartórios físicos. Ao mesmo tempo, isso tudo fica registrado na blockchain, otimizando o processo e ainda atribuindo a garantia do lastro digital.  

Para a Vindi, na compra de um imóvel, o protagonista será o contrato inteligente, que permitirá que a transferência da escritura do imóvel para o comprador e a transferência em valores via Drex para o vendedor aconteçam de forma instantânea. 

Regulamentação do Drex

Uma das questões-chave para a viabilidade do Drex é a elaboração de um arcabouço jurídico. Segundo a Exame, a regulamentação é fundamental na atuação contra lavagem de dinheiro e outros delitos financeiros. Para isso, a colaboração entre instituições governamentais e financeiras se faz fundamental para a concretização de uma legislação eficaz.

O Drex não vai eliminar as notas físicas de real e será apenas uma alternativa digital. Apesar de ainda não finalizada, a regulamentação do Drex, com todas as diretrizes e políticas, será definida pelo Banco Central. Segundo o PagSeguro, isso trará mais confiabilidade e segurança para os brasileiros.

Atualmente, mais de 130 países estudam o lançamento de moedas digitais oficiais e próprias, junto aos respectivos bancos centrais, 21 deles já estão em fase de projetos pilotos, entre eles: China, Inglaterra e Japão.

Atualização do status do projeto

No Brasil, o status da nova moeda digital brasileira é que ela está a um passo da segunda fase do Piloto Drex. Fabio Araújo, coordenador da Iniciativa do Drex e consultor do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamento (Deban) do Banco Central, declarou ao Blocknews que a ideia é avaliar diferentes casos de uso da moeda. “Sempre considerando os requerimentos de privacidade exigidos pela legislação em vigor. Também vamos testar o uso de ativos não regulados pelo BC. Para isso, estamos trabalhando em conjunto com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Outros reguladores demonstraram interesse em testes de operações com ativos de sua competência, de modo a ampliar a usabilidade da plataforma”, explicou. 

Segundo ele, foram 16 consórcios ou empresas participantes da primeira fase do piloto do Drex, quando os principais desafios ficaram acerca da privacidade. A segunda fase, já em andamento, deve se estender até o final do primeiro semestre de 2025.

Leia também:

Drex e o “trilema” descentralização, programabilidade e privacidade

Em evento realizado em novembro de 2024, Alessandro Fraga, então líder técnico do Banco Central para o Drex, disse que os desafios de privacidade foram analisados na primeira fase de testes e, embora haja evolução, as soluções ainda não estão maduras para o lançamento da blockchain do Real.

Ele explicou que, enquanto a blockchain oferece imutabilidade – um de seus pontos fortes – a privacidade é preocupação especialmente no que diz respeito às exigências da legislação de proteção de dados (LGPD). “A privacidade é necessária e regulada, e a fuga de dados é uma preocupação constante”, resumiu.

Ele acrescentou que a característica natural das blockchains é a transparência e, como tal, põe em risco a privacidade dos cidadãos, à medida que os dados contidos na rede ficariam expostos a quem quisesse consultar.



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