Muitos dos primeiros projetos de metaverso têm raízes no mundo dos games, especialmente os jogos multiplayer massivos (MMOs). Seus mundos virtuais persistentes continham economias digitais próprias e avatares personalizados – que foram posteriormente observados pelas empresas como uma nova forma de oferecer seus produtos e serviços de maneira ainda mais personalizada.
Ainda que existam várias opções de entretenimento dentro desse segmento, negócios de todo o mundo passaram a “invadir” terrenos digitais, construindo marketplaces online que, com a ajuda da gamificação, passaram a atrair públicos-alvo diferentes, mais envolvidos com as tecnologias emergentes.
Empresas como a Meta, que investiram bilhões de dólares no metaverso, mudaram o escopo dos seus projetos para o setor industrial. A ideia é conectar o mundo físico ao digital por meio da criação de modelos 3D e simulações em tempo real com o apoio da realidade aumentada.
O que levou a essa mudança no metaverso?

O impulso para essa transformação veio da constatação de que os usos corporativos eram mais lucrativos no curto prazo do que as aplicações de entretenimento. A indústria demandava aumento de eficiência e redução de custos. As inovações nesses processos produtivos, como gêmeos digitais, simulações e ambientes colaborativos, poderiam atender de forma imediata. Além disso, investidores e acionistas pressionaram por resultados concretos, o que levou companhias a reorientar seus projetos para aplicações industriais.
O projeto de “metaverso social” da gigante da tecnologia, liderada por Mark Zuckerberg, perdeu espaço para aplicações focadas em construção civil, automobilismo e varejo, segundo reportagem da Exame.
A BMW criou réplicas virtuais das suas fábricas, o que facilita o processo de modernização das suas instalações. Antes, os engenheiros eram obrigados a ir até o local para ter uma noção exata sobre o que poderia ou não ser feito.
Da mesma forma, a NVIDIA, anteriormente conhecida por seu foco em placas de vídeo (GPU) para gamers, passou a apostar com mais força no metaverso e em modelos de inteligência artificial (IA). A plataforma Omniverse, criada pela empresa, foi inicialmente concebida para jogos, mas a própria BMW a utiliza para criar modelos digitais das suas instalações.
Seguindo pelo mesmo caminho, a Siemens firmou parceria com a NVIDIA para acelerar a adoção do metaverso industrial. O Siemens Xcelerator é um ecossistema de software e de serviços integrado com a Omniverse para que as empresas criem seus “gêmeos digitais” – representações virtuais de bens físicos no universo binário da computação.
Por fim, o Microsoft Mesh permite com que equipes de diferentes lugares trabalhem conjuntamente em um ambiente virtual que faz uso das realidades mista e aumentada. O recurso funciona como uma sala de reuniões online disponibilizada aos participantes, com um grau de interação muito maior que por meios tradicionais, como videoconferências, por exemplo.
Menos avatares, mais eficiência
Mesmo que o metaverso não esteja mais no “hype” de anos atrás, o mercado amadureceu o conceito e o incorporou como uma ferramenta de eficiência corporativa. Simulação, otimização e eficiência estão entre os três pilares mais importantes da tecnologia.
Processos complexos podem ser analisados com maior precisão, permitindo que as empresas optem por soluções inteligentes e mais econômicas para aprimorar suas infraestruturas. Por exemplo, uma fábrica pode fazer uma réplica digital do ambiente de trabalho, compará-la a outros modelos mais modernos e, com isso, escolher a alternativa mais eficiente.
Outros grandes players também entraram nessa tendência. Startups como Varjo, Vention e Matterport oferecem soluções digitais acessíveis para empresas de menor porte, o que permite que negócios locais também participem da vanguarda da inovação.