Em uma tentativa de tornar o Rio de Janeiro a capital da tecnologia e inovação da América Latina, a cidade abriga desde abril de 2024 um polo de educação e tecnologia chamado de Porto Maravalley. Localizada na região do Porto Maravilha, a iniciativa faz parte, segundo o CEO do Porto Maravalley, Daniel Barros, de uma política pública maior que visa resgatar o protagonismo da cidade do Rio de Janeiro.
Com 10 mil metros quadrados e o propósito de atrair empresas da área de tecnologia, proporcionando oportunidades de trabalho e educação em segmentos ligados à inovação e tecnologia, a prefeitura do Rio desembolsou R$ 90 milhões para a viabilizar o projeto. Nesse processo, o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) estabeleceu diretrizes para o desenvolvimento e aceleração de regiões, por meio do programa Rio Energy Bay (REB).
Empresas do Porto Maravalley
A ideia do programa é que as startups presentes no local sejam divididas por verticais, sendo que os setores de energia (representados pela Eletrobras e Vibra) e de saúde fiquem em destaque. Outras verticais estão relacionadas com as vocações do Rio de Janeiro, como economia criativa, audiovisual e turismo, de acordo com Barros.
Além do MIT, outras empresas, como Impa, Americanas, Rede D’Or São Luiz, Dasa, ArpexCapital, Afya, Fundação BRAVA, Visagio, Mattos Filho e Transfero participaram do desenvolvimento do Porto Maravalley.
Para aquelas empresas que desejam contribuir e participar desse universo, Barros aponta alguns caminhos possíveis: ser um membro ou patrocinador; residência; uso do espaço para eventos, publicidade e lançamentos; e apoio cultural.
Os membros/patrocinadores, como a Eletrobras, contribuem com o espaço e a agenda do Maravalley e se beneficiam de contrapartidas como exposição de marca, conexão com outros atores do ecossistema, uso do espaço e participação em programas conjuntos. Já a residência é destinada, em sua maioria, a empresas médias e startups, para que possam usar o espaço como escritório principal ou extensão dele.
Por fim, os dois últimos meios dizem respeito ao objetivo de transformar o Porto Maravalley em um espaço para o lançamento de produtos inovadores e campanhas publicitárias, bem como em palco de circuitos culturais. Sendo assim, as organizações interessadas podem participar através do apoio à cultura e por meio do lançamento de seus produtos.
Tecnologia, inovação e educação
Barros explicou que o objetivo é que o Porto Maravalley seja composto por cinco integrantes: empresas, startups, venture capital, academia e governo. O lado acadêmico está sendo administrado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), que inaugurou seu primeiro curso de graduação totalmente gratuito, já no primeiro mês de funcionamento do local.
A entrega simbólica das chaves do Impa Tech, pelo prefeito Eduardo Paes, aconteceu em 17 de janeiro do ano passado e veio acompanhada do objetivo de admitir 100 alunos por ano.

Em entrevista ao Próximo Nível, Marcelo Viana, diretor geral do Impa, destacou que o curso é oferecido para alunos de outros estados e regiões do país, que tenham obtido bom desempenho na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) ou na prova de matemática do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). “Para o Impa, esse curso tem relevância estratégica. Já atuamos muito na pós-graduação e entramos, mais recentemente, nas escolas de ensino fundamental, com a Olimpíada Brasileira de Matemática”, explicou, reforçando que a matemática está presente em diferentes situações do nosso dia a dia e, muitas vezes, as pessoas não percebem sua real relevância.
O bacharelado em Matemática da Tecnologia e Inovação tem a duração de quatro anos e, após o ciclo básico, os estudantes escolhem entre Matemática, Física, Ciência de Dados e Ciência da Computação como ênfase.
Vale do Silício brasileiro

Além de apostar na formação de jovens talentos, o Porto Maravalley oferecerá infraestrutura para a instalação de mais empresas ligadas à tecnologia e inovação. A ideia do projeto é transformar a cidade do Rio em um “Vale do Silício” brasileiro, criando um centro tecnológico capaz de abrigar até 400 startups e fintechs.
Um dos propósitos da iniciativa é gerar novos empregos na região. A previsão dos organizadores é de que entre 5 mil a 10 mil vagas de trabalho sejam criadas nos próximos anos. A estimativa do Diário do Porto é que 27 mil pessoas passem a morar no Porto Maravilha até 2030, o que representa um crescimento de 90% na população da região.

Para Chicão Bulhões, secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação do Rio de Janeiro na época que o Porto Maravalley foi lançado, o projeto é uma oportunidade para desenvolver o local e capacitar pessoas.
“A região atrairá empresas de tecnologia e demandará mão de obra qualificada, gerando emprego e renda. Então, a presença do IMPA e de outros programas, como a iniciativa Programadores Cariocas, deve contribuir com a capacitação da população e redução das desigualdades”, explicou o executivo na ocasião.