O termo optichannel tem ganhado espaço no vocabulário do marketing e do varejo como o próximo passo da integração omnichannel. Mais do que estar disponível e oferecer uma experiência consistente em todos os canais, a ideia é escolher o canal certo, na hora certa, com a mensagem certa. Com apoio da inteligência artificial e do machine learning, a estratégia permite compreender preferências, contextos e jornadas individuais, otimizando a experiência do cliente e a eficiência do negócio.
O conceito foi apresentado em artigo na revista Exame por Galba Junior, vice-presidente comercial da Corebiz para a América Latina, que define o optichannel como uma evolução estratégica do modelo omnichannel. Enquanto o omnichannel buscava integrar os meios de comunicação e vendas, o optichannel representa uma orquestração inteligente desses canais. As plataformas de IA não apenas reforçam a análise de dados herdada do omnichannel, o que já seria um salto na experiência do usuário, mas passam a adequar e coordenar as interações por múltiplos canais, ajustando-se continuamente aos comportamentos e preferências de cada cliente.
Essa transição amplia o desafio para as marcas: entregar conveniência sem ser invasiva. Cada perfil pode preferir diferentes meios de contato em contextos distintos – por exemplo, chats para dúvidas rápidas, e-mails para ofertas e atendimento humano para decisões complexas. O refinamento na inteligência artificial se torna fundamental nesse cenário para equilibrar personalização e privacidade.
O bioma digital e o equilíbrio das relações
No artigo, Galba Junior compara o ambiente digital a um “bioma”, no qual todos os elementos – dados, canais, interações e experiências – coexistem de forma interdependente. O equilíbrio, segundo ele, é o que garante o crescimento sustentável. A partir dessa visão sistêmica, o autor apresenta cinco princípios que orientam a construção de estratégias optichannel eficazes.

O primeiro, nutrir a fertilidade, diz respeito a preparar o ambiente para aquisição e retenção de clientes, garantindo que a base digital sustente a jornada. O segundo, definir limites, ajuda a identificar o público e o posicionamento da marca, evitando dispersão de recursos. O terceiro, cultivar a biodiversidade, propõe explorar diferentes perfis e jornadas, evitando depender de um único tipo de consumidor. Já o quarto, construir resiliência, trata da preparação para lidar com crises e transformações tecnológicas. Por fim, facilitar trocas reforça a necessidade de fluxo contínuo e transparente de dados e feedback.
Ao sintetizar esses princípios, Galba destaca a importância de equilibrar autenticidade e adaptabilidade (como sugerem a segunda e a terceira dica), sem perder a capacidade de autotransformação, que define o quarto princípio. Conforme o articulista, o optichannel não é apenas uma estratégia de comunicação, mas uma estrutura viva, que se ajusta ao ambiente digital e às pessoas que o habitam.
Além das vendas
O optichannel também reposiciona o foco da experiência do cliente (CX) para incluir a experiência do funcionário (EX). Processos internos mais ágeis e ferramentas de IA capazes de reduzir tarefas repetitivas fortalecem não apenas a produtividade, mas a coerência entre o que a marca promete e o que seus colaboradores vivenciam.
Ao final, a proposta apresentada por Galba Junior traduz um movimento mais amplo da transformação digital: a busca por um ecossistema de interações inteligentes, no qual tecnologia, dados e propósito se combinam para construir relações sustentáveis. O optichannel, nesse sentido, é mais que uma evolução do omnichannel; é a consolidação de um novo paradigma de personalização, em que a experiência é o produto e a inteligência, o meio.
