Felipe Schepers, diretor da Opinion Box no palco do MobiMeeting Finance + ID 2025 Felipe Schepers, diretor da Opinion Box, durante apresentação no MobiMeeting Finance + ID 2025 (Foto: Marcos Mesquita/ Mobile Time)

Biometria é forma preferencial de autenticação, mas senhas continuam em uso

4 minutos de leitura

Reconhecimento facial tem maior percepção de segurança e conveniência, mas falhas em experiência do usuário retardam abolição das senhas



Por Vanderlei Campos em 25/11/2025

O controle de acesso por reconhecimento de impressão digital e de face é considerado mais fácil e mais seguro por 56% dos usuários, enquanto 15% ainda preferem as senhas. Isso quando funciona. Dentro da mesma amostragem do Panorama Mobile Time/Opinion Box – Identificação e autenticação digitais no Brasil, 20% reportam frustração com o reconhecimento facial, rejeição só comparável à leitura de íris. Desse grupo, apenas 6% reclamam de dificuldade com leitura de impressão digital e 8% com senhas.

Nesta edição da pesquisa, o IPSU (índice de percepção de segurança e usabilidade) coloca o reconhecimento facial na liderança, com 41 pontos, seguido pela leitura de digital, com 33 pontos. Entre os 2 mil entrevistados, 32% consideram o reconhecimento facial como método mais fácil e confortável e 24% citam a digital como a forma mais simples; e 35% e 21% avaliam, respectivamente, como os mais seguros.

O dinheiro em espécie é cada vez mais descartado, inclusive por ser o método menos conveniente e rastreável para pagamentos. Embora ainda tenha a preferência de 8%, caiu 5 pontos percentuais em relação à edição anterior do estudo. Nessa mesma comparação, o cartão físico passou de 63% para 59%. Já as carteiras embarcadas no celular passaram a ser o meio preferencial para 29%, contra 20% no ano passado, mesmo que muitos desses aparelhos não contem com NFC (que permite o pagamento por aproximação) e se use apenas a câmera. “O brasileiro abraçou o PIX com QR Code”, observa Felipe Schepers, diretor da Opinion Box.

Qualidade do software pode limitar escolhas

Uma pessoa segurando em suas mãos um celular cinza com uma representação holográfica de reconhecimento facial acima do aparelho.
Foto: tippapatt/ Adobe Stock/ Modificada com IA

A preferência pelo reconhecimento facial, na amostragem da pesquisa, é acentuada entre as pessoas de até 29 anos de idade (44%) e entre as classes A e B (45%). O estudo menciona “resistência” de 27% entre os usuários com mais de 50 anos.

Enquanto o corte socioeconômico indica uma correlação entre a qualidade do hardware e a experiência de uso com reconhecimento facial, a influência da faixa etária poderia se justificar por razões culturais ou técnicas. O estudo não segmentou os hábitos de uso por traços étnicos, cor de pele e outras variáveis que, assim como a idade, sinalizariam a abrangência do treinamento dos algoritmos de reconhecimento facial.

Durante a apresentação da pesquisa no MobiMeeting Finance + ID 2025, Felipe Schepers contou uma experiência mal sucedida de seus pais, de 65 e 62 anos, ao tentar habilitar o reconhecimento facial. O processo já é naturalmente mais difícil para pessoas com presbiopia – o aplicativo orienta a tirar os óculos e em seguida exibe instruções que o usuário, obviamente, não consegue ler. Todavia, Schepers não conseguiu fazer a face de sua mãe ser reconhecida, mesmo com ele mesmo operando o aplicativo. “Quando a tecnologia falha, se geram esses atritos”, constatou.

Fragilidades reconhecidas e vícios incorrigíveis

O uso de senhas é considerado o método menos seguro por 25%, mas para 15% é o mais simples.

A percepção negativa das senhas contrasta com a persistência do hábito, sobretudo entre usuários menos familiarizados com biometria ou que utilizam dispositivos sem os sensores necessários”, diz o relatório da pesquisa.

Na comparação com a edição anterior, subiu de 30% para 37% a proporção dos que afirmam ter uma senha diferente para cada serviço digital. Os segmentos com maior preocupação à repetição de senhas são as pessoas acima de 50 anos (43%) e aquelas das classes D e E (41%).

Em contrapartida, 33% admitem repetir as senhas “sempre que possível”; e 27% insistem em usar datas de aniversário ou nomes de parentes para compor as senhas, mesmo que 22% já tenham tido serviços bloqueados por quebra de senha.

Além da facilidade aos fraudadores criada pelo uso de senhas óbvias, o método é também particularmente vulnerável a ataques de engenharia social. Segundo Schepers, 75% receberam chamadas de golpistas se passando por funcionários de bancos e 12% caíram na fraude. Apesar de todas as tentativas de esclarecimento por entidades do sistema financeiro e pela mídia, as tentativas de golpe por telefone aumentaram 10 pontos percentuais entre 2024 e 2025, e a taxa de “conversão” avançou em um ponto. “Esse crime continua porque funciona”, constatou o pesquisador.

O estudo também revela que 36% foram alvos de fraude de identidade por Whatsapp e 18% tiveram amigos e parentes que caíram.

Reduzindo vulnerabilidades nos processos de pagamentos

Durante o evento em que foi apresentada a pesquisa, o vice-presidente de soluções para clientes da Mastercard, Leonardo Linares, informou que as senhas devem ser eliminadas em seu ecossistema de pagamento antes do final desta década. Ele explicou que a autenticação segura tende a se basear em mecanismos de biometria e tokenização.

Leonardo Linares, vice-presidente sênior de produtos e soluções da Mastercard Brasil, no palco do MobiMeeting Finance + ID 2025
Leonardo Linares, vice-presidente sênior de produtos e soluções da Mastercard Brasil (Foto: Marcos Mesquita/ Mobile Time)

O token cria uma vinculação do meio de pagamento ao contexto da transação. A informação do token só é reversível à identificação do meio de pagamento (número do cartão) em um ambiente de confiança.

Além de restringir as possibilidades de um fraudador que consiga interceptar a transação, pois pega um dado inválido para outras compras, a tokenização agrega conveniência tanto para os usuários quanto para os vendedores. Ao mesmo tempo em que o comprador pode realizar seus pagamentos com apenas um clique, o comerciante pode guardar, por exemplo, dados para pagamentos recorrentes, sem que essa informação tenha “utilidade”, para o fraudador, no caso de violação desse cadastro.

Outra abordagem para eliminação de senhas são as passkeys, nas quais o meio de pagamento é ativado por biometria ou sincronização com os dispositivos pessoais.

“Vamos ter uma convergência entre segurança e facilidade de uso”, disse o executivo da Mastercard.



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