DTV+ no SET Expo 2025 Foto: WL Imagens/ SET Expo 2025

SET Expo 2025: conectividade impulsiona a DTV+

3 minutos de leitura

Evento em São Paulo reúne líderes de mídia e tecnologia para discutir o futuro da TV aberta, marcado por experiências personalizadas, integração com o streaming e novas formas de monetização.



Por Fernando Gaio em 20/08/2025

A terceira geração da televisão brasileira, a DTV+, é o grande destaque do SET Expo 2025 — um dos mais relevantes congressos de mídia e tecnologia do país, iniciado nesta segunda-feira, 18 de agosto, em São Paulo. Ao longo de quatro dias, especialistas, executivos e engenheiros debatem os caminhos da TV, com foco na conectividade para transformar a produção, distribuição, comercialização e consumo de conteúdo.

Nos últimos anos, as emissoras têm se reinventado como plataformas hiperconectadas, integrando dados, tecnologias emergentes e múltiplos canais de distribuição. Essa evolução é uma resposta às mudanças nos hábitos de consumo e à crescente concorrência com serviços de streaming, redes sociais e conteúdos sob demanda.

Experiências personalizadas

Com a chegada da DTV+, os espectadores terão acesso a conteúdos moldados por seus interesses e comportamentos, em experiências mais imersivas e personalizadas. Para viabilizar esse modelo, emissoras e provedores estão investindo em ambientes hiperconectados, onde TV aberta e streaming coexistem
na mesma tela.

Diego Pereira Cortinhas (Foto: WL Imagens/ SET Expo 2025)

“A emissora deixou de ser somente um ponto de recepção de sinais tradicionais, como satélite e fibra óptica, para se tornar um hub de múltiplos sistemas, workloads e redes. Isso permite suporte ao trabalho remoto, integração com sistemas e distribuição para plataformas como o FAST”, explicou Diego Pereira Cortinhas, Coordenador de Engenharia de Projetos de Pré-vendas no segmento de mídia da Claro, durante o painel Emissoras Hiperconectadas: Desafios e Oportunidades.

Casos práticos

Diego destacou a importância de uma infraestrutura interconectada, capaz de integrar produção e distribuição, automatizar processos, monitorar dados em tempo real e migrar workloads para a nuvem. Exemplos práticos foram apresentados, como o uso de 5G no Carnaval de 2023, quando a TV Globo realizou testes bem-sucedidos com dispositivos conectados à rede da Claro. Já na Fórmula 1, a Band e a FIA utilizaram enlaces dedicados no autódromo para transmissão de alta performance. Essas e outras soluções estão sendo demonstradas no estande da Claro empresas durante o SET Expo.

Inteligência artificial, segurança e novas formas de monetização

O painel também abordou tendências como virtualização, edge computing, inteligência artificial e machine learning aplicados à produção e distribuição de conteúdo. Na área de segurança, foram destacados o uso do framework NIST, o Cyber Score e o monitoramento proativo como pilares da resiliência digital – uma completa novidade para os profissionais de televisão.

Além disso, o modelo cloud first, a centralização das operações e a integração entre plataformas como OTT e redes sociais viabilizam a automação de processos e a distribuição segmentada. Essa abordagem permitirá às emissoras explorar novas formas de monetização, como publicidade personalizada e experiências interativas, com ganhos em eficiência operacional.

Diego reforçou ainda as oportunidades que surgem com a personalização de conteúdo, interatividade e parcerias estratégicas. “A coleta e análise de dados permite conhecer melhor os hábitos dos usuários, gerar conteúdos mais relevantes e aumentar o engajamento. Isso abre espaço para uma comercialização mais direcionada e eficaz”, afirmou.

A evolução da conectividade na Globo

Durante palestra na SET Expo 2025, Celso de Melo, product owner da Globo, apresentou uma retrospectiva reveladora sobre a evolução da distribuição de conteúdo digital da emissora. Ele relembrou os desafios enfrentados nas primeiras transmissões online da Copa do Mundo, quando a infraestrutura ainda era incipiente, com conexões muito lentas. O lançamento do iPhone e o surgimento do GloboPlay marcaram um ponto de virada, impulsionando a necessidade de uma entrega mais eficiente e escalável. A partir de 2015, a Globo iniciou a consolidação de sua própria CDN, com nós em São Paulo e Rio de Janeiro, expandindo progressivamente para outras regiões por meio de parcerias com afiliadas e operadoras locais.

DTV+ no SET Expo 2025
Celso de Melo (Foto: WL Imagens/ SET Expo 2025)

Celso destacou a criação do Globo Cache Appliance (GCA) como decisiva para levar o conteúdo diretamente às redes das operadoras, inclusive em áreas remotas, garantindo maior qualidade e estabilidade na entrega. Em 2024, a CDN da Globo passou a ser ofertada como produto ao mercado, com mais de 300 pontos depresença e integração com pequenas e médias operadoras via parceiros. Essa
infraestrutura robusta e capilarizada permitiu à Globo entregar conteúdos em altíssima qualidade, como transmissões em 4K, em múltiplos dispositivos.

Para 2025, os planos incluem preparar a infraestrutura para a próxima Copa do Mundo, consolidando a Globo como referência em distribuição digital no Brasil.

A contribuição da META

Flávio Amaral (Foto: WL Imagens/ SET Expo 2025)

Flávio Amaral, gerente de estratégia de interconexão da Meta Brasil, trouxe uma perspectiva complementar à discussão sobre distribuição de conteúdo, ao abordar a evolução da infraestrutura de internet na América Latina desde os anos 2000. Ele destacou como investimentos estratégicos em data centers e cabos submarinos foram cruciais para reduzir a latência e ampliar a conectividade na região. Amaral enfatizou o papel dos pontos de troca de tráfego e as CDNs na descentralização da entrega de conteúdo, permitindo que provedores locais investissem na última milha e impulsionassem a expansão da banda larga e da fibra óptica.



Matérias relacionadas

nuvem soberana Conectividade

Nuvem soberana: como provedores globais se adaptam a regras nacionais

Estudo mapeia como empresas e governos enfrentam o desafio da soberania de dados diantes de novas leis e tecnologias como IA e IoT

5G standalone Conectividade

Antes do 6G: por que o 5G Standalone ainda deve ser prioridade para o setor

Especialistas defendem que infraestrutura autônoma deve ser concluída antes da próxima geração para garantir conectividade avançada

5G metas Conectividade

5G alcança 70% da população e antecipa metas de conectividade

Adequação das leis municipais e Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações aceleram a expansão do acesso à internet de alta velocidade

soberania digital Conectividade

Soberania digital: o BRICS e o futuro da regulação de satélites

Entenda como o BRICS está defendendo a soberania digital por meio da regulação espacial

    Embratel agora é Claro empresas Saiba mais