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Representação holográfica de cérebro de inteligência artificial em data center no Brasil, simbolizando investimentos em IA no país pelo Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). Imagem gerada por Inteligência Artificial

Brasil aporta R$ 23 bilhões em plano nacional de inteligência artificial

4 minutos de leitura

PBIA 2024-2028 estrutura cinco eixos para impulsionar inovação, soberania tecnológica e uso responsável da IA em setores estratégicos



Por Redação em 11/09/2025

Além da popularização de chatbots, vídeos realistas e montagens cada vez mais difíceis de detectar, a inteligência artificial conserva, em suas diversas aplicações, o papel como ferramenta para superar desafios nacionais em diferentes frentes, como a social, econômica, ambiental e cultural. Diante desse potencial, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, elaborou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028, com o objetivo de “promover o desenvolvimento, a disponibilização e o uso da inteligência artificial no Brasil”.

O documento, que também é intitulado como “IA para o Bem de Todos”, projeta um investimento de R$ 23,03 bilhões durante o quadriênio 2024-2028. A visão brasileira que orienta esses investimentos é centrada no ser humano, com foco em acessibilidade, transparência e cooperação internacional.

O tema será debatido na 30ª edição da Futurecom, no painel “Brasil acelera o protagonismo global com o novo Plano Nacional de Inteligência Artificial”. Os investimentos previstos no PBIA colocam o Brasil na vanguarda tecnológica, em um momento em que outros países se movimentam para desenvolver a IA. Nesse sentido, o plano destaca, além de ações de impacto imediato, cinco eixos estruturantes.

Ações de impacto imediato 

Médica pesquisadora em laboratório, com outro profissional ao fundo, utilizando tablet promovendo o desenvolvimento do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial com foco na saúde.
Foto: Clement C – peopleimages.com/ Adobe Stock

São considerados prioritários setores como o de saúde, agricultura, meio ambiente, educação, desenvolvimento social, gestão do serviço público e indústria, comércio e serviços e, por isso, já contam com iniciativas em andamento ou próximas a serem implementadas. Ao todo, 31 ações compõem a lista de projetos voltados para essas áreas. São exemplos da aplicação da IA:

  • Otimização dos Diagnósticos no SUS (saúde): o projeto de maior orçamento, dentro dos listados do setor, pretende reduzir o tempo do diagnóstico e aumentar a capacidade de resposta do SUS. Os recursos disponibilizados são de aproximadamente R$ 60 milhões, com implementação em cinco hospitais no primeiro ano e em 20 no segundo.
  • Cálculo do peso bovino por câmera 3D (agricultura e pecuária): já aplicada em fazendas, a ferramenta da startup Olho do Dono, reduz o estresse animal na pesagem do gado, além de melhorar a precisão e a eficiência na gestão.
  • Quantificação do estoque florestal na Amazônia (meio ambiente): a IA é utilizada para mapear e catalogar espécies vegetais do bioma.
  • Comunicação corporativa (indústria, comércio e serviços): o orçamento de R$ 92,5 milhões prevê a utilização de tecnologia avançada de IA para desenvolver chatbots personalizados, de uso comercial, capazes de suportar um número maior de atendimentos em menor tempo e maior qualidade.
  • MelhorIA da aprendizagem e bem-estar dos estudantes (educação): cinco mil professores serão capacitados para operar “sistemas de acolhimento com uso de psicologia positiva, IA generativa e sistemas tutores inteligentes”.
  • Acredita no Primeiro Passo (desenvolvimento social): a iniciativa faz o mapeamento de pessoas inscritas no CadÚnico e se propõe a diminuir a vulnerabilidade social por meio da oferta de cursos de qualificação para reinserção no mercado de trabalho ou estimular o empreendedorismo. 
  • Atende IA (gestão de serviços públicos): implementação de chatbots em qualquer idioma para o atendimento rápido e confiável em sites de consulados.

Ações estruturantes

Diluídas entre os eixos de (1) infraestrutura e desenvolvimento de IA, (2) difusão, formação e capacitação, (3) IA para melhoria dos serviços públicos, (4) IA para inovação empresarial e (5) apoio ao processo regulatório e de governança da IA, as ações focam em soberania tecnológica, competitividade econômica e uso responsável da inteligência artificial.

Infraestrutura e desenvolvimento de IA

O primeiro dos eixos é composto por quatro programas, pelos quais é compartilhado o montante de R$ 5,79 bilhões. O primeiro deles, o Programa Nacional de Infraestrutura para IA, que conta com R$ 3 bilhões desse total, abrange a atualização, já em curso, do supercomputador Santos Dumont para que passe a figurar entre os cinco maiores em capacidade de processamento no mundo. Como parte do plano, o equipamento opera agora com 18,85 petaflops, um aumento de 575% em relação à capacidade original, segundo matéria da tele.síntese. Também fazem parte do programa a conexão entre redes para ampliar o acesso a supercomputadores e parcerias para reduzir dependências tecnológicas. 

O Programa de Sustentabilidade e Energias Renováveis para IA, é composto de uma única iniciativa que busca fomentar uma infraestrutura sustentável para datacenters e instalações de IA. Já o Programa de Estruturação do Ecossistema de Dados e Software para IA, visa promover, entre outros pontos, o desenvolvimento de pilha de software para IA para maior independência tecnológica. Por fim, o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento em IA, destina um orçamento de R$ 553 milhões para estimular as atividades de P&D e a transferência tecnológica.

Difusão, formação e capacitação

O valor total para o eixo, que tem como objetivo a capacitação e a requalificação de talentos em IA para suprir a demanda por profissionais em todos os níveis, é de R$ 1,15 bilhão. Como destaque, estão ações de literacia digital e divulgação em IA, parcerias com o setor privado voltadas para a formação e oportunidades de emprego e bolsas de doutorado no exterior. A divisão é feita entre três programas: Programa de Difusão e Divulgação da IA, Programa de Formação em IA e Programa de Capacitação, Qualificação e Requalificação em IA. 

IA para melhoria dos serviços públicos

Para fazer jus ao nome de “IA para o Bem de Todos”, o governo estuda e adota uma série de medidas para gerar soluções em serviços públicos. O Núcleo de IA do Governo Federal, a Infraestrutura Nacional de Dados e o Programa de Soluções de IA para Serviços Públicos são as três frentes do eixo. Nessa linha, o plano destaca a criação de uma plataforma de inteligência artificial do governo, bem como o treinamento de 115 mil servidores públicos até 2026 (20% do total a ser capacitado) e a utilização da IA para detectar e responder à ameaças cibernéticas contra o governo.

IA para inovação empresarial

Alinhado aos objetivos da Nova Indústria Brasil (NIB), o quarto eixo dispõe de R$ 13,79 bilhões. O Programa de Fomento à Cadeia de Valor da IA e o Programa de IA para desafios da indústria brasileira envolvem o desenvolvimento de datacenters nacionais, o apoio a startups de IA, o oferecimento de bolsas complementares ao salário para reter talentos e a criação do Centro Nacional de IA para a Indústria (CNIA4I).

Apoio ao processo regulatório e de governança da IA

A consolidação de um arcabouço regulatório e de governança, que estimule o desenvolvimento e a inovação tecnológica e preserve direitos autorais e humanos, fecha os cinco eixos do plano. Com R$ 103,25 milhões para aplicação partilhada entre o Programa de Aperfeiçoamento do Marco Regulatório para IA e o Programa de Apoio à Governança da IA, o eixo busca elaborar guias sobre o uso responsável da IA no Brasil, a criação de um centro nacional de transparência algorítmica e IA confiável e a estruturação de uma rede de pesquisa de apoio à governança em IA no Brasil.



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