As redes têm se tornado cada vez mais complexas e híbridas, combinando infraestrutura local, serviços na nuvem e a malha das operadoras de telecomunicações. O desafio é gerenciar esse ecossistema, monitorando o desempenho e sendo proativo na identificação e resolução de falhas. A solução para isso já é conhecida e chama-se observabilidade.
Na definição dos especialistas da IBM, a observabilidade é a prática de obter visibilidade abrangente e em tempo real do desempenho, comportamento e saúde de uma rede. Isso significa que os gestores podem ter insights contínuos dos fluxos de dados em toda a infraestrutura, desde os dispositivos locais até a nuvem, passando por data centers e outros ambientes.
Observabilidade x monitoramento
Observabilidade é diferente do monitoramento tradicional da rede, que se concentra em métricas pré-definidas e na solução de problemas reativos. Ela atua de forma diversa: transforma dados brutos em insights, a partir de uma abordagem proativa.
As ferramentas para isso envolvem coleta de dados em grande volume, de várias fontes, e uma capacidade de análise complexa, o que explica a habilidade de resolver rapidamente problemas que podem afetar o desempenho e a segurança das redes, entre outras funcionalidades. A ideia é que as equipes de gestão resolvam os problemas antes que eles aconteçam. Daí o enfoque em insights acionáveis, ou seja, conclusões específicas e direcionadas por dados, o que leva ao entendimento claro de cada situação.
Na jornada de coleta de dados, os gestores contam com inputs de telemetria, caso de métricas, logs e outros, além de informações de componentes de redes, incluindo servidores e endpoints de API, combinados ainda com dados dos serviços na nuvem. Mais do que ter insights acionáveis, as organizações podem antecipar demandas a partir dos recursos de observabilidade, alinhando o gerenciamento de suas redes aos objetivos de negócios.
Do ponto de vista de segurança cibernética, elas também podem detectar precocemente as possíveis ameaças, uma vez que a observabilidade fornece uma visibilidade profunda e completa do tráfego de rede.
Recursos fundamentais para aplicação eficiente

Para operar na prática, a observabilidade precisa ter alguns componentes básicos: orquestração, IA e aprendizado de máquina, gêmeos digitais de redes, APIs abertas, e IA generativa (Gen AI). No caso da orquestração, o ideal é que ela seja orientada por intenção, o que leva a insights mais profundos das operações de rede. A orientação adequada permite ainda que os gestores identifiquem se a observabilidade está alinhada aos objetivos de negócios e aos requisitos de serviços.
Um segundo componente importante é o uso da IA e do aprendizado de máquina para detectar automaticamente algum tipo de problema e recomendar ações corretivas, evitando que uma falha comum escale para se transformar em problema crítico.
Os gêmeos digitais têm a função de replicar redes físicas e simular o comportamento delas, em tempo real, em diversos cenários. É uma ação estratégica que, inclusive, permite otimizações na rede antes mesmo da implantação de alguma mudança.
Ter APIs abertas também faz parte de uma cultura de observabilidade eficiente, uma vez que permite que os dados sejam acessados em diferentes domínios. Trata-se de uma perspectiva de transparência proporcionada pela integração das informações.
A Gen AI é usada na observabilidade para automatizar processos-chave, como KPIs (indicadores-chave de desempenho) e alarmes. Ao facilitar a tomada de decisões autônomas, a Gen AI permite economia de tempo e uma interação mais estratégica com a rede.
Diferencial competitivo para empresas e operadoras
Para Sérgio Araújo, Diretor de Rede Interna e Empresarial da Claro empresas, a observabilidade da rede é um diferencial de mercado entre as operadoras de telecomunicações, uma vez que garante a conectividade, desempenho e segurança das redes, sejam elas próprias ou mesmo a infraestrutura do cliente.
O executivo destaca que o recurso tornou-se estratégico porque as empresas não podem mais ficar sem conectividade. Para que isso aconteça no dia a dia, ele lembra que é necessário monitorar, medir e entender o estado da infraestrutura de redes.
Como a observabilidade é uma cultura proativa, que inclusive monitora a rede do cliente, os ganhos vão além de manter a infraestrutura operacional e envolvem um alinhamento aos negócios e mesmo a monetização, a partir da identificação de oportunidades de uso da infraestrutura a favor de novas ofertas.
No caso das operadoras, Araújo destaca a necessidade de se ter uma rede robusta e diversificada. “Temos três centros de gestão de nossa rede, que observam toda a infraestrutura. Além deles, existem mais três centros dedicados exclusivamente à observabilidade das redes dos clientes”, finaliza.
