Enquanto algumas empresas já assumiram a continuidade do trabalho remoto mesmo em um mundo pós-pandemia, outras organizações pretendem evoluir para um sistema híbrido. Para viabilizar a nova realidade, as companhias devem se apoiar no uso de ferramentas tecnológicas para transformar empregos, implementar processos inovadores e oferecer melhores condições a todos os envolvidos no processo, destaca um estudo do MIT Technology Review, realizado em parceria com a Lenovo.
Quais as inovações nos modelos de trabalho remoto e híbrido e como o mundo corporativo está encarando essas novas perspectivas? Confira algumas percepções baseadas em estudos e pesquisas.
Reuniões divertidas
No escritório ou em casa, a hora da reunião ainda é uma das mais temidas por muitas pessoas, mas isso tem tudo para mudar com o passar do tempo. Quem disse que toda reunião precisa ser cansativa e desinteressante?
Quando o Zoom passou a ser um dos programas mais utilizados no dia a dia de diversos trabalhadores, a empresa arrecadou quase um bilhão de dólares. Porém, um ano e meio depois do uso excessivo, “diminuir a utilização do Zoom” ou “lidar com a fadiga do Zoom” se tornaram reclamações comuns entre os usuários.
De acordo com o cientista-chefe da Microsoft para Experiências e Dispositivos, Jaime Teevan, uma das principais estratégias é trazer um pouco de diversão para a experiência. Segundo ele, as reuniões remotas desafiaram a forma como usamos o espaço para nos comunicar, restringindo nossos mundos a “quadrados digitais claustrofóbicos”.
Assim, utilizar elementos divertidos tornam as reuniões mais interessantes e geram insights. Porém, isso também pode fazer com que elas se tornem mais difíceis de serem organizadas. “Estamos percebendo desafios específicos nas conexões sociais”, disse Teevan. A Microsoft, bem como o Facebook, está tentando inventar novas ferramentas para reuniões. Uma delas é a Together Mode, criada para o software Teams, usando Inteligência Artificial (IA) para recortar os avatares dos usuários e colocá-los em um ambiente digital, por meio de sistemas de realidade virtual
“Devemos permanecer no Zoom ou usar a realidade virtual? Minha resposta é que o ideal é fazer as duas coisas”, afirmou Jeremy Bailenson, professor de Comunicação da Universidade de Stanford e fundador do Virtual Human Interaction Lab, que sugere uma solução intermediária entre a videoconferência convencional e tecnologias semelhantes aos jogos de videogame — tendência que passou a ser conhecida como metaverso e deve, cada vez mais, fazer parte de nosso cotidiano.
Monitoramento de produtividade
Nos últimos meses, quando milhões de pessoas em todo o mundo começaram a trabalhar de casa, ficando longe do olhar atento dos gerentes, houve um aumento do uso de softwares de vigilância, que permitem aos empregadores monitorar o que os seus funcionários estão fazendo e por quanto tempo. E, apesar desse fato ter recebido muitas críticas, tais sistemas já estão incorporados no dia a dia de muitos trabalhadores e empresas.
“Isso pode criar um enorme desequilíbrio de poder entre os trabalhadores e os gestores”, diz Cori Crider, uma advogada do Reino Unido e cofundadora da Foxflove, uma organização jurídica sem fins lucrativos que trabalha para que governos e grandes empresas não usem a tecnologia de forma indevida.
Crider insiste que existem maneiras melhores de incentivar as pessoas a trabalharem, criando um ambiente para gerar mais confiança aos profissionais, sem vigiá-los: “o que você está vendo é um esforço para transformar um humano em uma máquina antes que a máquina o substitua”, disse ela.
Capitalismo em crise
Antes da pandemia, uma crise na economia mundial e no capitalismo já estava em evidência. Depois, com o aumento do desemprego, os violentos incêndios florestais, a mudança climática e outros desastres, a situação tem piorado bastante. Isso levou alguns países, como os Estados Unidos e certas nações europeias, a questionarem a devoção aos mercados livres e a fé no poder do crescimento econômico para criar prosperidade e resolver os problemas da população.
“Negócios sustentáveis, crescimento econômico e meio ambiente são pontos que precisam fazer parte da discussão sobre o aprimoramento do modelo econômico”, afirmou Leandro Lofrano, Diretor Commercial & SMB Product and Business Management da Lenovo.
A economista Rebecca Henderson sugere que uma parte do problema é a incapacidade de imaginar que o capitalismo pode funcionar sem queimar o planeta, e que não devemos depender totalmente do PIB, alegando que ele deve ser apenas uma das métricas.
De acordo com estudos realizados, expandir a imaginação tecnológica é a melhor escolha atual para melhorar vidas e salvar o planeta para muito além do crescimento econômico.
Inovação digital
O Bureau of Labor Statistics dos EUA relatou que a produtividade do trabalho no país aumentou 5,4% no primeiro trimestre de 2021. Entre as razões mais importantes para justificar o aumento da produtividade estão o desenvolvimento de algoritmos de machine learning, aliado a uma grande queda nos preços de armazenamento de dados e melhorias na capacidade de computação, e o mercado de cloud computing, que está em rápido crescimento.
A pandemia de Covid-19 acelerou, em menos de um ano, quase uma década de inovação digital em áreas como o trabalho remoto. As evidências sugerem que, mesmo após a pandemia, parte do trabalho ainda será feita remotamente, enquanto uma nova classe de trabalhadores altamente qualificados, os nômades digitais, está surgindo. As transformações, embasadas no desenvolvimento de novas tecnologias, devem impactar diretamente o padrão de vida da população e o desempenho dos negócios.
