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bot Imagem gerada por Inteligência Artificial

Banking of Things: regulação e segurança definem futuro das transações invisíveis

3 minutos de leitura

Serviços financeiros embutidos em dispositivos do dia a dia transformam experiência de uso, mas projetos dependem de definições tributárias



Por Vanderlei Campos em 12/06/2025

Em mais um conceito acrescentado à “sopa de letras” da inovação, o BoT (sigla para banking of things, ou banking das coisas, em tradução livre) representa uma grande simplificação para os usuários, com oportunidades de novos modelos de negócios. Na prática, se deixaria de exigir dos usuários, ou mesmo de sistemas automatizados, a interrupção de uma experiência de consumo para se realizar a operação financeira.

“Há situações em que a transação financeira é a parte negativa da experiência”, reconhece Paulo Alves, gerente-geral de TI do Banco do Brasil. “Hoje, vivemos em uma ‘economia de compartilhamento’, que talvez evolua para uma ‘economia invisível’, na qual os serviços acontecem sem fricção”, observa Marcos Ferrari, presidente-executivo da Conexis. “Em 2026, vamos falar muito de banco invisível, com transações mais fluidas”, prevê Tassiana Rugoni, coordenadora de MBA da FIAP.

A evolução e os eventuais obstáculos ao desenvolvimento desse mercado foram os eixos do painel Banking of Things: desafios e oportunidades, no Febraban Tech 2025. O conceito de Banking of Things (BoT) propõe experiências financeiras mais fluidas, e muitas vezes invisíveis, com uso de Internet das Coisas (IoT), combinada a inovações como Inteligência Artificial e blockchain.

BoT
Da esquerda para a direita: Tassiana Rugoni (FIAP), Paulo Alves (Banco do Brasil), Marcos Ferrari (Conexis Brasil Digital) e Gustavo Paul (Febraban) – Foto: Vanderlei Campos

Paulo Alves destacou a importância do Open Finance para viabilizar o BoT. pela infraestrutura de interoperabilidade entre diferentes instituições e agentes. Segundo o executivo, a tecnologia blockchain também se conecta ao tema, não apenas para pagamentos, mas também para aplicações envolvendo contratos auto executáveis.

A conectividade é apontada como condição fundamental para o sucesso do BoT. “Quando se habilitam sensores e dispositivos para processos bancários com IoT, é preciso resolver as áreas de sombra na cobertura”, alerta Alves. Ele também chama atenção para o aumento da complexidade em relação à segurança e à conformidade regulatória. “A superfície de risco aumenta”, constata. A abordagem regulatória é outro item fundamental. “Quando se antecipa, pode-se inibir a inovação. Mas se atrasar, podem-se deixar brechas. De qualquer forma, tem que haver um caminho para se atribuir responsabilidades”, destaca.

Tassiana Rugoni avalia que os reguladores devem adotar uma abordagem de sandbox para que inovações possam ser testadas em ambientes controlados.

Para além da tecnologia, Alves destacou a necessidade de melhorar a experiência do usuário. Ele exemplificou com contextos como os aplicativos de transporte, em que o pagamento já não faz parte da interação visível ao consumidor. “Mas tem horas em que queremos ser totalmente visíveis, como em um cashback. São casos em que entregamos valor”, contrapõe.

Tributação em larga escala inviabilizaria projetos

Marcos Ferrari ressaltou o papel da infraestrutura para viabilizar o BoT. “O 5G chegou em 2021 e hoje são 40 milhões de acessos”, mencionou.

No entanto, ele alerta que a viabilidade da IoT depende de incentivos. “A IoT só é viável se houver incentivos”, enfatiza. Ferrari destacou que a Lei 14.108/2020, que atualmente desonera dispositivos e redes de IoT de taxas como a TFI e a TFF, expira este ano. Um novo Projeto de Lei propõe estender o benefício até 2030. Sem isso, projetos de larga escala, especialmente nos setores de transporte e agronegócio, podem ser inviabilizados pelo custo tributário. “Diferente dos acessos pessoais, com a escala de proliferação de sensores e outros itens de IoT, muitos projetos se inviabilizariam com a multiplicação desse custo”, afirma.

Embora os casos de uso ainda sejam incipientes, Tassiana Rugoni lembrou que experiências como o pagamento automático de pedágios já operam com o conceito de BoT, com transações diluídas no cotidiano. “Mas nesse caso, é uma transação muito parametrizada, em que se sabe o valor e o contexto”, pondera.

A professora destacou que o avanço do BoT exige atenção à segurança de dados e transações. “Tem que se pensar em privacidade diferencial”, afirma, citando que, por exemplo, em aplicações de acesso biométrico, o dado que trafega pela rede de IoT não precisa conter informações pessoalmente identificáveis.

Tassiana também trouxe o conceito de BoT cognitivo, no qual agentes de IA capturam dados da IoT para criar experiências cada vez mais simples e automatizadas. A especialista alerta, porém, que é preciso definir limites para que essas automações não gerem transações financeiras sem controle ou contexto claro para os consumidores.



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