uso seguro da ia Da esquerda para a direita: José Luiz Marques, Bruno Pina, Diego Aristides e Paulo Martins (Foto: Divulgação/ Embratel)

Aprendizado é fundamental para uso seguro da IA

4 minutos de leitura

A inteligência artificial veio para ajudar e escalar os negócios, mas os usuários precisam de letramento para usá-la de forma adequada



Por Rose Guidoni em 28/10/2024

Um dos grandes benefícios da IA é, justamente, a sua capacidade de analisar grandes quantidades de dados em tempo real, o que permite maior agilidade na identificação de eventuais comportamentos maliciosos ou suspeitos. No entanto, sem que os usuários tenham conhecimento das possibilidades da IA, a adoção de estratégias de cibersegurança se torna mais frágil. 

O tema foi debatido durante o Security Day Embratel 2024 (a Embratel agora é Claro empresas), realizado em 22 de outubro, em São Paulo. Para os participantes, além da importância de reforçar os mecanismos de controle e segurança, o letramento dos usuários é fundamental.

Deep Tech exige capacitação

Na avaliação de Diego Aristides, CEO e Co-Founder da The Collab Foundation, uma iniciativa que visa escalar diversas tecnologias em diferentes segmentos (cidades inteligentes, agro, educação, saúde, entre outros), é fundamental preparar a cultura organizacional para lidar com deep tech (tecnologia ‘profunda’). Segundo ele, a inteligência artificial é uma das principais tecnologias dentro do conceito de deep tech, que se caracteriza por alta escalabilidade, facilitando o acesso a serviços, como o de saúde em áreas remotas, utilizando tecnologia para superar barreiras de localização​, e inovação disruptiva, capaz de transformar modelos de negócios e processos operacionais.

“Isso envolve capacitar colaboradores por meio de letramento tecnológico, especialmente em inteligência artificial, para que possam utilizar a tecnologia de forma segura e consciente​”, ponderou, durante o painel “IA: ameaça ou ferramenta para a segurança de dados?”. 

uso seguro da ia
José Luiz Marques (Foto: Divulgação/ Embratel)

José Luiz Marques, gerente de Arquitetura e Soluções de Cibersegurança da Embratel e moderador do painel, acrescentou que é essencial que as pessoas entendam como usar a tecnologia. “A IA vem para ajudar, melhorar a produtividade, trazer ganhos de escala. Mas também demanda uma série de cuidados”, observou, reforçando a necessidade de aprendizado. 

“Quando falamos em IA, muitas pessoas têm uma visão superficial, sem a dimensão da profundidade da tecnologia. Ela traz muitas oportunidades, mas os riscos existem, de fato, e por isso é preciso cautela”, destacou. 

Diego Aristides (esquerda) e Paulo Martins – Foto: Divulgação/ Embratel

Aristides citou alguns casos de uso de IA, como a possibilidade de levar serviços de saúde a áreas mais remotas, facilitando a vida das pessoas e melhorando diagnósticos. Ainda na área de saúde, ele exemplificou o poder disruptivo da IA com o caso de uma cirurgia pulmonar realizada por IA e realidade aumentada. “A inteligência artificial reduziu o tempo de cirurgia em 4 horas, o que trouxe benefícios ao paciente, que ficou menos tempo sob anestesia e procedimentos operatórios, mas também à instituição de saúde, que teve a sala de cirurgia menos tempo ocupada, além da alta médica mais rápida”, ilustrou. 

Segundo ele, esta é apenas uma das inúmeras possibilidades da IA, que não deve ser desconsiderada no business das empresas, qualquer que seja a área de atuação. “Porém, ela precisa ser usada com responsabilidade, precisamos educar os usuários e fazer esse letramento”, reforçou, mencionando que “somos a primeira geração a viver esta transição”. 

Planejamento estratégico

Aristides ressaltou a importância de um planejamento estratégico adequado para a integração de deep tech. Ele mencionou que as empresas devem preparar suas operações e estruturas de segurança antes de implementar essas tecnologias, para garantir a eficiência.

“A integração eficaz de deep tech requer uma abordagem estratégica tanto do ponto de vista dos negócios quanto da segurança​. Por esta razão, precisamos fazer esse trabalho dentro de casa, engajando nossos colaboradores para poder usar as ferramentas de forma correta”, ressaltou. 

Aristides mencionou que isso é feito por meio de  treinamento, hackathons, grupos internos para estudar formas de usar IA, pensamento em ecossistema e criação de uma estrutura capaz de gerar escalabilidade.

IA veio para ajudar

Para os participantes do painel, existe de fato um consenso de que a IA veio para somar, mas o cuidado é cada vez mais necessário. “A transformação social, por meio da IA, precisa ser feita com propósito e responsabilidade”, disse Bruno Pina, CEO da Synapse. “A IA já existe e vem sendo estudada há cerca de 30 anos, mas somente nos dois últimos anos passou a fazer parte do conhecimento geral, ou seja, passou a ser discutida por pessoas fora do meio tecnológico. Porém, ainda existe um desajuste nisso, pessoas comuns falam e se interessam sobre a IA, mas muitas vezes a definição de como adotar as estratégias para seu uso corporativo está nas mãos somente dos CIOs”, alertou. 

Bruno Pina (Foto: Divulgação/ Embratel)

Em sua avaliação, a IA não é só uma “onda”, e todos os colaboradores precisam ficar atentos às potencialidades da ferramenta, mas também aos riscos. “Por essa razão, além de estudar os caminhos e desafios da IA, temos que melhorar as skills humanas. Qual a mentalidade de um novo líder diante da IA? É preciso melhorar as capacidades, para que a inteligência artificial seja uma solução e não um risco”, pontuou. 

Ele destacou que um dos aspectos mais relevantes da deep tech é sua capacidade de reimaginar completamente os modelos de negócios e operações. Ao introduzir novas abordagens, ela rompe paradigmas estabelecidos e cria oportunidades para novas formas de entrega de serviços e produtos. “Além de ser disruptiva, a deep tech é altamente escalável, capaz de se expandir rapidamente, adaptando-se às necessidades dos clientes e às mudanças de mercado”, disse. 

Porém, em sua avaliação, as estratégias de implementação de deep tech devem considerar quatro pilares: pessoas, plataformas, planeta e propósito. “Isso significa que a tecnologia precisa não apenas ser eficiente e lucrativa, mas também ética e sustentável, impactando positivamente os colaboradores, os clientes e o meio ambiente​”, reforçou Pina. 

Agentes autônomos: risco ou benefício?

Outro destaque do painel foi a discussão sobre a possibilidade de a inteligência artificial evoluir para criar outras IAs, formando agentes autônomos. Esses agentes seriam projetados para realizar tarefas específicas de maneira independente, como avaliação de contratos, gerando novos dados e interagindo de forma autônoma com outros sistemas.

O impacto dessa perspectiva foi discutido, destacando que a criação de IA por outras IAs pode trazer benefícios, como automação mais eficiente, mas também desafios, especialmente na questão de privacidade e segurança de dados. Além disso, foi ressaltado que essa evolução pode tornar a identificação de fontes de dados mais complexa, já que a interação com agentes autônomos pode dificultar a distinção entre humanos. “Essa complexidade torna mais difícil conhecer e entender os clientes, visto que a interação pode ocorrer diretamente com um agente autônomo em vez de uma pessoa”, ilustrou Paulo Martins, diretor de Segurança da Informação da Embratel.



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