Há cerca de 33 alunos por sala de aula na América Latina. É muito para aluno por professor. E, mesmo assim, estima-se que são necessários mais 3,2 milhões de professores para atender efetivamente a demanda. As informações são do co-fundador e CEO da Buddy.ai, Ivan Crewkov.
Ele criou um robô, o Buddy, que ensina ou já ensinou mais de 20 milhões de crianças no mundo a falar inglês. A criação foi inspirada na sua filha e, hoje, o Buddy é o app mais popular para ensinar inglês às crianças na América Latina. Somente no Brasil, houve mais de 3,8 milhões de usuários no ano passado, para efeito de dimensão. “O mundo precisará de milhões de professores, mas uma solução escalável, de ‘tutores de IA’, pode descarregar esse fardo”, disse ele em apresentação no Web Summit Rio 2025.
Personalização para crianças

Mais do que criar um aplicativo que ensina língua, Crewkov pensou na necessidade de personalizá-lo para crianças. E isso envolve muitas coisas, começando por regulações que protegem as crianças de conteúdos inapropriados.
Também é preciso entender as crianças e como elas engajam para ensiná-las de forma mais efetiva, segundo Crewkov. “Percebemos que a maioria dos apps para crianças são criados e pensados por adultos. Por isso, nós coletamos e analisamos mensalmente mil horas de diálogos entre crianças, para entender como elas pensam e interagem”, revelou.
A Buddy.ai também considera a acessibilidade digital dos pequenos. Geralmente, os aparelhos que eles usam são smartphones e tablets mais antigos, que eram dos pais e foram passados para os filhos quando esses primeiros compraram modelos novos. “Por isso os nossos desenvolvimentos começam para rodar em sistemas mais velhos, de aparelhos com 4 ou 5 anos de uso, e depois adaptados para os mais modernos”, disse.
As crianças não são um público único. Ou seja: para vender algo a esse público, é preciso não só o interesse delas, mas também dos pais e, no caso de aplicativos de ensino, dos professores. “As crianças só querem brincar (e o app deve transmitir essa sensação a elas). Já os pais ‘não estão nem aí’ para diversão: eles se preocupam com a educação. Em última instância, há os docentes, que querem avaliar a parte pedagógica do que as crianças estão aprendendo”, detalha Crewkov.
Outra especificidade é o marketing. “Há várias travas do Play Store, Apple Store, Meta e outros sistemas para realizar até mesmo anúncios simples para crianças. E nós entendemos isso para anunciar da forma correta”, revelou.
Depois do Brasil, o México é o país de maior penetração do Buddy.ai, com quase 2,1 milhão de usuários em 2024. Argentina, Peru e Chile são os sequentes, com 651 mil, 514 mil e 434 mil crianças cadastradas, respectivamente.