Os avanços em inteligência artificial, conectividade e digitalização inauguraram a Saúde 5.0, conceito que busca alinhar inovação tecnológica com equidade. Antes voltadas sobretudo a diagnósticos de ponta ou tratamentos altamente especializados, as novas tecnologias agora também têm como foco ampliar o acesso e o cuidado, além de reforçar a prevenção.
Esse cenário será tema de debate do congresso “Saúde 5.0 e o bem-estar” na abertura da Futurecom 2025, que tem início no dia 30 de setembro, em São Paulo. O painel vai contar com a participação de especialistas como Edson Amaro Junior, médico neurorradiologista responsável pela área de Global Advanced Technologies for Equity no Hospital Israelita Albert Einstein, e Claudia Anania, CIO da Fundação Butantan.
Digitalização e personalização

A nova fase da digitalização da medicina utiliza dados, algoritmos e dispositivos vestíveis que formam um ecossistema interligado para acompanhar a saúde de indivíduos em tempo real. Relógios inteligentes, pulseiras fitness e sensores portáteis coletam informações sobre batimentos cardíacos, padrões de sono, níveis de atividade física e até indicadores de estresse.
Essas informações são analisadas por modelos de IA e ajudam a identificar riscos antes que se tornem doenças. Assim, os dispositivos permitem que o paciente assuma um papel ativo. A lógica é que a saúde deixe de ser centrada no hospital para se integrar ao cotidiano, em um modelo de cuidado contínuo.
Bem-estar híbrido com IA

A pandemia acelerou a adesão de modelos híbridos de cuidado, que combinam atendimentos presenciais e digitais. Consultas por vídeo, acompanhamento remoto de exames e programas de bem-estar corporativo baseados em aplicativos ganharam espaço. Estudos apontam que esse modelo pode ampliar o acesso, sobretudo em regiões com escassez de profissionais de saúde.
A prevenção, apoiada por IA e dispositivos vestíveis, reforça esse cuidado híbrido. Uma pessoa com propensão a desenvolver alguma doença pode receber alertas personalizados, orientações de alimentação e incentivo à atividade física antes da intervenção médica.
O uso de big data potencializa ainda mais esses ganhos ao integrar informações de diferentes fontes como registros hospitalares, dispositivos móveis e bancos públicos de saúde. Dessa forma, é possível elaborar políticas mais abrangentes, que considerem determinantes sociais, econômicos e ambientais.
Desafios da Saúde 5.0
Além da inovação tecnológica, a promessa da Saúde 5.0 se cumpre na garantia de conectividade e acesso. Se os dispositivos vestíveis e aplicativos de monitoramento estiverem disponíveis apenas para uma parcela da população, as novas tecnologias deixam de oferecer soluções e passam a reforçar desigualdades.
A coleta massiva de informações pessoais também levanta preocupações éticas e jurídicas sobre a segurança dos dados e exige regras claras de consentimento, armazenamento seguro e uso responsável desses dados. A vulnerabilidade cibernética pode comprometer não só a privacidade, mas também a integridade física de pacientes, caso sistemas críticos sejam atacados. Por isso, a regulamentação precisa acompanhar o ritmo da inovação.
