Com uma infraestrutura que vai da fibra óptica aos satélites, incluindo redes subfluviais na Amazônia, a Claro adota uma gestão proativa de seus ativos e dos clientes. Nesta entrevista, Sérgio Araújo, Diretor de Rede Interna e Empresarial do grupo, detalha essa atuação dentro da Claro empresas, para os clientes de grandes empresas e governo, e também a importância do conceito de observabilidade para garantir conectividade, desempenho e segurança das redes próprias e da infraestrutura dos clientes corporativos, uma tendência cada vez mais presente. Acompanhe.
Como é a rede atual da Claro?
A infraestrutura é vasta e capilarizada. Temos 180 mil km de fibra óptica e 18 mil km de cabos submarinos e subfluviais, com destaque para o pioneirismo no lançamento de cabo subfluvial chegando a Manaus em 2010, atravessando o Rio Amazonas. Na área móvel são 29 mil estações rádio base (ERBs) espalhadas no país, o que confere grande capilaridade para a mobilidade e que está em constante crescimento. E há ainda cinco satélites operando na frota satelital própria.
Qual a vantagem dessa malha de tecnologias físicas diversificada?
Sendo a junção de redes móveis, residenciais e toda a rede terrestre e satelital, conseguimos atender clientes corporativos por qualquer uma dessas infraestruturas, aumentando exponencialmente as possibilidades de serviços. Todas as nossas estações rádio base podem atender por FWA ou por fibra óptica nossos clientes. As redes IP originalmente construídas para fornecer banda larga foram modernizadas para fornecer também serviços com simetria de banda, através de “slice” ou “túnel”, atendendo clientes que desejam este requisito e em todos seus casos de uso.
Como essa infraestrutura atual evoluiu?
Em suas origens, a Claro empresas, então Embratel, teve a responsabilidade de conectar o Brasil para integração do país. Isso foi feito com investimento significativo para se ter uma rede capilarizada e capaz de atender todas as demandas. A rede foi inicialmente distribuída em todo o Brasil para atender à grande demanda da voz pura e simples e também levar a televisão, que era um fator importante de integração nacional, garantindo imagem em todos os locais. Para isso, implantou redes de fibra óptica, links de rádio e satélites para cobrir o território nacional, inicialmente para voz e imagem. A comunicação de dados viria logo em seguida.
Isso mudou com a entrada da internet…

Sim, logo em seguida começaram a surgir os serviços de dados para entregar conectividade aos clientes corporativos. Nossa empresa teve a missão de entregar comercialmente a internet para o Brasil, integrando tanto empresas quanto pessoas. Paralelamente, houve a jornada da rede móvel, com a evolução do 2G, 3G, 4G e agora o 5G, pela Claro. A expansão da Claro trouxe a mobilidade para diversos serviços, permitindo que pessoas, empresas e até carros utilizem o serviço móvel.
Essas várias infraestruturas agora são unificadas?
Exatamente. A Claro é o resultado da junção de três grandes redes: Embratel, Claro e NET. Isto proporciona uma capacidade de atendimento abrangente para qualquer caso de uso de empresas e pessoas. Isso demonstra a capilaridade nacional da empresa e de seus parceiros de negócio. Os Correios, por exemplo, são um cliente atendido em todos os cerca de 5.500 municípios brasileiros, utilizando fibra óptica, rádio, e satélite.
Com essa infraestrutura robusta, qual é a importância da conectividade para os clientes corporativos?

A conectividade habilita a conexão de todos os pontos do cliente com o seu datacenter próprio e habilita a migração de suas aplicações para a nuvem, por exemplo. A Claro possui nove data centers próprios e mais 11 data centers de outros provedores interconectados, formando uma “constelação de data centers”. Essa infraestrutura permite aos clientes optar por colocar seus sistemas nos data centers da Claro ou de terceiros, com a garantia de que todos estarão interconectados e gerenciados. A interconexão e a replicação de sistemas (em casa e na nuvem, ou em duas nuvens) é crucial para segurança e recuperação de incidentes (disaster recovery). As instituições financeiras, por exemplo, precisam replicar seus bancos de dados em, no mínimo, dois sites com uma distância mínima entre eles, o que exige conectividade plena e alta disponibilidade. Os equipamentos SDWAN se tornaram uma tendência para unir redundância, flexibilidade e segurança habilitadas numa única caixa.
Quando falamos de redes, um conceito importante é o de observabilidade. Como vocês aplicam isso no dia a dia?
A observabilidade, ou seja, monitorar, medir e entender o estado da infraestrutura de redes, está ligada diretamente à disponibilidade de rede. Hoje, não é aceitável que um ponto fique sem conectividade. É preciso ter contingência e dois pontos de atendimento em cada local, garantindo que esses dois meios estejam atendidos por vias distintas para fornecer tranquilidade ao cliente, sobretudo em suas operações críticas.
Como é feita essa gestão e até que esfera de serviços a observabilidade pode ser estendida?
A gestão proativa é uma tendência, onde se informa o cliente sobre o status da rede, problemas e tempo de recuperação, desonerando-o para que possa focar em seu próprio negócio. Além de gerenciar a rede, a Claro pode gerenciar os dispositivos da rede interna do cliente. Um exemplo é a câmera de segurança que usa um link de internet para transmitir imagens. Podemos gerenciá-la, estendendo a observabilidade para além do serviço de conectividade. Isso abrange diversos “casos de uso” e dispositivos os mais diversos que o cliente queira gerenciar remotamente bem como acionamento de equipes para reparo.
Como a Claro organiza sua estrutura para realizar essa gestão e observabilidade da rede?
Temos uma estrutura robusta, com centros de gestão da rede localizados em três locais diferentes, justamente por questões de contingência de segurança. Os locais são Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. Todas as redes de transmissão, rede móvel, rede fixa e o backbone são gerenciados a partir desses centros. Além deles, existem mais três centros dedicados à observabilidade da rede dos clientes: Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Em alguns casos, quando o cliente determina, inserimos equipes avançadas dentro das próprias dependências da empresa. Adicionalmente, temos um centro superespecializado para a constelação de satélites, com uma equipe altamente especializada, área que exige um controle muito fino e cuidadoso, garantindo a máxima vida útil do satélite, e a coordenação de sua órbita com demais operadoras.
Qual perfil de clientes demanda equipes da Claro instaladas no local?

Não há um perfil restrito. Dentro de Claro empresas, temos casos em bancos, indústrias, grandes redes varejistas e órgãos de governo. Em várias situações o cliente fará um evento específico e convoca o time para um plantão especializado durante certo período.
O que mudou no conceito de observabilidade ao longo do tempo?
A jornada da observabilidade evoluiu significativamente. No início, o gerenciamento focava basicamente em saber se a rede estava operacional. Se não estivesse, o cliente era avisado e se iniciava uma ação de recuperação. O conceito avançou para a avaliação de desempenho, com verificação da latência, velocidade e capacidade entregues, comparando esses fatores com a necessidade real do cliente. Com isso, podemos recomendar upgrades quando a demanda é maior do que o instalado. As recomendações são feitas com base em dados, com números e gráficos que mostram tendências ao longo de semanas.
Essa observabilidade avançou para análises cada vez mais granuladas, então?
Exato. A observabilidade passou a identificar problemas como o de equipamentos infectados com vírus e gerando tráfego anômalo e não real. Isso levou à integração com a gestão de segurança. Adicionalmente, passamos a analisar qual aplicação o cliente está usando, quanto e para quê. Ou seja, entender o que está sendo demandado pela rede, seja o uso de ERP (sistema de gerenciamento empresarial), ou seja na navegação na internet ou tráfego de dados entre máquinas, entre outros. Isso ajuda o cliente a administrar a rede de forma mais eficiente e enxuta. A observabilidade se estende atualmente para os dispositivos que estão por trás da rede também, como câmeras, switches ou dispositivos Wi-Fi do cliente. Isso permite diagnosticar se a falha está no link de saída ou em um equipamento específico, por exemplo.
Como essas análises e consultorias são entregues para os clientes corporativos?
A Claro fornece ao cliente os dados das plataformas de gerência e temos um time especializado permanente para suporte e avaliação de como sua rede pode progredir e atender a jornada de modernização e expansão do cliente. Há um cronograma de reuniões, onde nosso time de qualidade apresenta as métricas, o nível de cumprimento do SLA (acordo de nível de serviço) e discute oportunidades para melhorar a rede.
Nesse rol estão as recomendações sobre contingência, links que estão ficando sobrecarregados ou o surgimento de aplicações anômalas. No caso de empresas, a força de vendas da Claro empresas conta com consultores de soluções, podendo haver mais de um para clientes complexos, com especialistas em rede, segurança, Wi-Fi, nuvem e até desenvolvimento de software. O cliente sempre tem um ponto focal na força de vendas que atua como um “capitão”, para agregar todas as necessidades, além de time de suporte permanente durante sua operação.
Quais são as vantagens desse processo?
A principal delas é que podemos detectar problemas antes mesmo da percepção do cliente, mas também podemos auxiliar no diagnóstico de incidentes em toda a infraestrutura. Imagine grandes redes varejistas. Apesar de ter uma gestão centralizada, elas têm operações pulverizadas em todo o país. Monitoramos e informamos sobre falhas, a falta de energia, e outras ocorrências, propondo soluções complementares, para conectividade sempre que necessário. Também mapeamos situações recorrentes, como desligamentos diários, documentando o problema e evitando o acionamento de falsos alarmes. Cada cliente é tratado de forma única, com seus múltiplos casos de uso e suas situações específicas.
Além da centralização, o que mais tem demandado melhorias e otimizações na rede dos clientes corporativos?
As principais demandas e fatores para melhorias incluem a confiabilidade, contingência e segurança, porque é fundamental discutir e conhecer a criticidade de cada site. Para setores como o de eventos, que precisam de conectividade adequada à sua dinamicidade, a combinação de redes, inclusive com o 5G, pode ser uma solução adequada.
As redes 5G privativas entram onde nessa equação de oferta de conectividade, desempenho e segurança?
Elas são uma aplicação importante para fornecer alta capacidade para interligar vários dispositivos e que o cliente precisa gerenciar, como por exemplo, sensores de máquinas, termômetros, oxímetros. Permite conectar um número muito maior de dispositivos do que as redes Wi-Fi. A demanda por gerenciamento de dispositivos cresce continuamente.