A inteligência artificial generativa (genAI) está remodelando o cenário da educação nacional, por meio de ferramentas inovadoras para educadores e alunos. A Somos Educação, empresa que integra o grupo Cogna, está se destacando com o uso de genAI da Amazon Web Services (AWS), por meio do Plu, um assistente virtual que capacita os educadores e otimiza o cotidiano em sala de aula. O grupo, que atua com sistemas de ensino, editoras e soluções de ensino complementar, tem entre suas marcas mais conhecidas o Anglo, PH, Maxi, Ético, Pitágoras e Amplia.
Integrado à plataforma digital Plurall, o Plu tem como objetivo otimizar o tempo dos educadores e aprimorar a qualidade do ensino. Ele atua como “um braço direito do professor”, oferecendo suporte para a elaboração de planos de aula, formulação de questões de prova, criação de resumos e adaptação de conteúdos. Rafael Augusto Teixeira, head de tecnologia da Somos Educação, destaca o foco na produtividade dos docentes: “o tempo de preparação deles é muito escasso, então desenvolvemos uma série de recursos que permitem otimizar as aulas.”
Segurança e qualidade no material
De acordo com o head de tecnologia, um dos pilares do Plu é a confiabilidade do material. Ele explica que, diferentemente de outras ferramentas que buscam informações na internet, esse assistente se alimenta exclusivamente dos recursos internos da empresa, abrangendo 11 sistemas de ensino e três editoras. Essa abordagem, segundo ele, elimina as chamadas “alucinações” da IA, assegurando que o material gerado seja preciso e esteja alinhado aos recursos pedagógicos já utilizados pelos educadores.
Teixeira ainda enfatiza a segurança e a consistência do sistema. “Diferente de usar um ChatGPT ou outra ferramenta que busca conhecimento na internet, ele utiliza exclusivamente os nossos conteúdos. Assim, o professor conhece e confia no material, podendo fazer ajustes e comparações com o livro em mãos”, apontou o especialista.
Ele conta que a solução adota uma abordagem conservadora, direcionando o usuário para o contexto correto caso uma pergunta seja feita de forma inadequada. “Procuramos fazer uma coisa muito consciente, investimos muito em ‘guardrails’, evitando que a IA conte piadas ou responda perguntas de cunho racista ou sexual”, completa o executivo.
Salas de aula com IA generativa
O grupo educacional aponta que os resultados são promissores: até abril de 2024, mais de 110 mil usuários geraram cerca de 262 mil questões, 214 mil provas e mais de 168 mil planos de aula. O recurso de geração de imagens, que ilustra materiais didáticos, já produziu mais de 60 mil imagens. A taxa de satisfação é boa, com 70% de feedbacks positivos em questões e 86% em planos de aula. Além disso, 80% dos professores que experimentaram o Plu o utilizaram mais de uma vez.
“Ela não vai, de forma alguma, substituir o docente”, afirma Teixeira, ressaltando o papel da IA como um facilitador. “Os 15, 20, 30 minutos que o professor gastaria para criar uma atividade do zero são economizados com IA, permitindo que ele utilize o restante do tempo para inserir sua qualidade, visão e características que enriqueçam ainda mais essa aula”, completou.
A Somos Educação iniciou os investimentos em IA em 2023, com o Plu em fase piloto em escolas parceiras. Em janeiro de 2024, a ferramenta foi liberada para todos os clientes do setor privado, abrangendo ensino fundamental, médio e pré-vestibular.
Expansão

O grupo educacional revelou que prevê um próximo lançamento de IA ainda neste ano (2025). Trata-se de uma ferramenta voltada para a inclusão de alunos com neurodivergências. A solução auxiliará na construção do Plano de Ensino Individualizado (PEI), que é um documento complexo e, ao mesmo tempo, uma exigência legal. A expectativa é acelerar esse processo em cerca de 60%, facilitando a criação de planos personalizados para alunos com necessidades especiais.
Para o futuro, a empresa planeja implementar predição e sugestão por meio da IA. Coletando dados de desempenho, avaliação e engajamento na plataforma, a ferramenta fornecerá insights para os professores, recomendando atividades extras e avaliações que reforcem habilidades específicas de cada turma. “Só nos primeiros dois meses deste ano, foram mais de 2 milhões de avaliações aplicadas pela plataforma. Analisar toda essa massa de dados é muito complexo, até mesmo para as escolas”, destaca Teixeira.
A Somos Educação utiliza modelos de IA da AWS, incluindo as soluções da startup americana Anthropic e da britânica Stability para geração de imagens. O grupo acredita no uso de IA com múltiplas camadas de segurança para garantir respostas adequadas. “O conceito da IA responsável é transversal, então esses grandes parceiros já têm um certo nível de segurança, e nós adicionamos mais uma camada. Até o presente momento, não temos nenhum registro de que a IA deu uma resposta inadequada”, ressalta Teixeira.