A expansão da cobertura 5G no Brasil acelerou o acesso aos seus benefícios, como a infraestrutura de rede mais robusta e eficiente, capaz de suportar um volume cada vez maior de dados e conexões simultâneas. Isso abre caminho para a adoção de tecnologias disruptivas, como a internet das coisas (IoT), a inteligência artificial (IA) e a automação industrial, que podem otimizar processos, reduzir custos e gerar novos modelos de negócios.
Marcos Ferrari, presidente-executivo da Conexis, representante das grandes operadoras de telecomunicações (telcos), afirmou que o sinal de 5G já foi instalado em todas as cidades com mais de 200 mil habitantes, “cumprindo 88% das metas de instalação de antenas previstas para 2025”. Hoje, a cobertura 5G chega a 955 municípios. Destes, 102 têm mais de 100 mil habitantes e 259 acima de 30 mil habitantes.
Ou seja, o sinal 5G já alcança 71% dos brasileiros. São mais de 28 mil estações rádio-base (ERBs) instaladas, de seis prestadoras diferentes. O número de acessos já ultrapassou a linha dos 33 milhões, o que representa 12% do total no país. Um crescimento justificado pela liberação da faixa de 3,5 GHz (que antes era ocupada por sinais de TV), pela oferta de smartphones no mercado (baixo custo e aumento de modelos certificados — hoje são 229 modelos, de 22 fabricantes) e pela substituição de antenas 4G, agora habilitadas com infraestrutura 5G.
Investimentos na cobertura 5G
Segundo Ferrari, os investimentos do setor devem se manter acima dos R$ 35 bilhões ao ano, especialmente para 5G. “Ainda assim, a expansão dependerá de outros fatores, como investimentos em aplicações de outros setores, como indústria 4.0 e lavouras conectadas, por exemplo, para atualização de leis municipais para instalação de antenas e monetização da tecnologia”, completou.
A concentração regional ainda é um desafio para o setor. Mais de 40% das antenas estão localizadas no eixo Rio-São Paulo, sendo 7.776 em São Paulo e 3.872 no Rio de Janeiro, estados em que vivem 30% da população do país. Um cenário que justifica os vácuos de cobertura em regiões mais afastadas, especialmente em áreas rurais e distantes de grandes centros. Contudo, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), atualmente apenas três municípios brasileiros não contam com o sinal 4G e 5G.
Redes privativas e a evolução da cobertura 5G
As redes privativas fazem parte da grande promessa da cobertura 5G. Nesse sentido, representam oportunidades de monetização para as operadoras. Além da baixa latência (tempo de trânsito dos dados), possuem alta densidade.
Até o mês de setembro (2024), a Anatel havia contabilizado 35 empresas licenciadas para redes privativas 5G em faixas de frequência exclusivas: 2,39 GHz e 3,7 GHz.
Segundo a International Data Corporation (IDC), os gastos com redes corporativas devem crescer em média 21% ao ano até 2028. No Brasil, os maiores casos de uso são nos setores de indústria, logística e mineração.
Vale ressaltar que o 4G ajuda no cenário das regiões mais afastadas, uma vez que a cobertura envolve grandes áreas. Dessa forma, os investimentos privados de segmentos como o agronegócios e as rodovias devem ajudar a ampliar o sinal em locais mais remotos.
A ConectarAgro, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa, criou o Indicador de Conectividade Rural (ICR). O indice aponta uma série de avanços em seis meses avaliados. A cobertura 4G e 5G da área disponível para uso do agro no país cresceu. Era de 19% e passou para 23,8%. Já a quantidade de imóveis com cobertura nas áreas de agronegócio subiu de 37% para 43%.
“As tecnologias de 4G, 5G e redes privativas se complementam em um processo evolutivo”, avalia Paulo César Teixeira, CEO da unidade de consumo e pequenas e médias empresas (PMEs) da Claro.
Na avaliação de Teixeira, a cobertura 5G caminha bem, porém, ainda está em fase primária, “com oportunidades como sustentar conexões fixas de internet (FWA) e redes privativas”. Neste segmento, tem projetos em empresas como Rumo Logística, Nestlé, Porto de Suape e Gerdau.