Ainda que os projetos de computação quântica estejam em seus estágios iniciais de desenvolvimento, isso não significa que as projeções futuras não sejam promissoras. Grandes empresas têm embarcado nessa tendência – e os números estão crescendo.
Um estudo da Deloitte revelou que, dos 400 líderes empresariais norte-americanos entrevistados, cerca de 25% já investem na tecnologia. Entre os que já apostaram, 76% afirmam obter valor significativo, indicando que a percepção de risco diminui e a confiança nas aplicações práticas tem aumentado.
Quais setores mais investem em computação quântica?

Finanças, manufatura avançada e logística são três dos setores que mais investem no novo modelo computacional. Bancos como JPMorgan Chase testam algoritmos quânticos para otimizar carteiras de investimentos, enquanto montadoras europeias exploram simulações de materiais para reduzir o peso dos veículos e melhorar a eficiência energética.
Por que utilizar a computação quântica?

Algoritmos quânticos podem resolver cálculos complexos em um tempo muito menor que os modelos tradicionais. Isso implica em softwares capazes de controlar roteirização e alocação de recursos em tempo real, superando limitações tecnológicas ainda presentes.
Pesquisadores também podem tirar proveito desses sistemas do futuro. Por exemplo, simulações de química quântica aceleram a identificação de compostos com propriedades interessantes, como baterias de alta densidade.
Outro destaque relevante está na segurança pós-quântica: ela é muito superior à criptografia dos computadores binários, sendo capaz de rompê-las em poucos instantes. Por outro lado, empresas já têm desenvolvido algoritmos resistentes a ataques quânticos (PQC), visto que ainda existem inúmeros dados sensíveis armazenados em grandes servidores tradicionais.
Os maiores desafios ainda presentes
Por se tratar de uma tecnologia emergente e experimental, existem barreiras técnicas e organizacionais que precisam ser vencidas:
Limitações de hardware (poucos qubits úteis)
- Coerência curta: Os qubits perdem seu estado quântico em micro‑segundos a milissegundos, exigindo correções de erro que ainda são caras e pouco maduras;
- Taxa de erro elevada: Portas lógicas quânticas apresentam taxas de erro de 10⁻³ a 10⁻², o que impede a execução de algoritmos profundos sem técnicas avançadas de mitigação;
- Escalabilidade física: Cada qubit adicional requer controle preciso de temperatura (milikelvins), campos magnéticos e isolamento vibracional; ampliar de 50 para 500 qubits implica investimentos massivos em infraestrutura de criogenia e eletrônica de controle.
Ambientes de operação extremamente controlados
- Criogenia: Processadores quânticos precisam operar em refrigeradores de diluição que consomem energia significativa e demandam manutenção especializada;
- Isolamento de ruído: Vibrações mecânicas, interferências eletromagnéticas e flutuações térmicas podem corromper cálculos; laboratórios precisam de salas blindadas e sistemas de monitoramento contínuo;
- Disponibilidade limitada: Devido à complexidade desses ambientes, o tempo de “uptime” dos sistemas quânticos costuma ser inferior ao de servidores clássicos, dificultando a integração em pipelines de produção.
Escassez de talento especializado
- Perfil multidisciplinar raro: Profissionais precisam combinar conhecimento profundo de física quântica, ciência da computação (algoritmos quânticos, programação em Qiskit, Cirq, etc.) e engenharia de hardware. Poucas universidades oferecem currículos completos que cubram todas essas áreas;
- Alta demanda e remuneração: Empresas de tecnologia, laboratórios governamentais e startups competem por um número limitado de especialistas, elevando salários e gerando rotatividade;
- Curva de aprendizado para desenvolvedores clássicos: Programadores acostumados a linguagens imperativas precisam adaptar-se a paradigmas de superposição e entrelaçamento, o que requer treinamento intensivo e tempo de adaptação.
Previsões para o futuro
“Embora pareça tema de ficção científica, em 2055 quem não estiver conectado corre o risco de ser excluído não só digitalmente, mas da sociedade”, alerta o artigo lançado pela Futurecom. “Essa é uma predição com base em tecnologias como computação quântica na nuvem, redes neurais simbióticas, holografia tátil, biochips de comunicação e conectividade sensorial”, acrescentou.
Pesquisadores renomados, como Jean-Pierre Bienaimé e Paulo Sérgio Rufino Henrique, são alguns dos nomes mais proeminentes sobre computação quântica e a sua aplicação prática no mundo corporativo. Ambos são otimistas em relação ao futuro da nova tecnologia, capaz de interligar as pessoas de uma forma nunca antes vista.