O 5G tem mudado a conectividade na América Latina, especialmente pelo fato de oferecer uma nova geração de comunicação móvel mais rápida e eficiente. Trata-se de uma tecnologia que tem potencial para transformar setores como saúde, agricultura, transporte e cidades conectadas, influenciando o desenvolvimento econômico e tecnológico da região. Apesar disso, questões como infraestrutura, regulamentação e acessibilidade ainda precisam ser resolvidas para que o 5G seja implementado de forma ampla.
De acordo com o estudo Ericsson Mobility Report (EMR), as assinaturas 5G na América Latina quase dobraram em 2024, atingindo cerca de 63 milhões. “O primeiro horizonte de crescimento do 5G enfatiza uma versão superior e mais eficiente do 4G, conhecida como banda larga móvel aprimorada (eMBB). O segundo horizonte concentra-se nas oportunidades de Acesso Fixo Sem Fio (FWA) e WAN sem fio (WWAN). O terceiro horizonte é a oportunidade de soluções de conectividade diferenciadas. Por fim, o quarto horizonte compreende um ecossistema de dispositivos robustos e redes onipresentes, confiáveis e de alto desempenho”, demonstra o relatório.
O que é 5G e por que ele é importante para a América Latina?
O 5G é a quinta geração das redes móveis, projetada para oferecer maior velocidade, baixa latência e maior capacidade de conexão. Esse avanço permite que mais dispositivos fiquem conectados simultaneamente, abrindo caminho para a expansão da Internet das Coisas (IoT) e novas aplicações tecnológicas.
Segundo matéria do Teletime, a adoção do 5G na América Latina ainda vem ocorrendo de forma desigual. Baseada em relatório da Omdia, a publicação detalha que, no primeiro trimestre de 2024, a América Latina havia alcançado 47 milhões de conexões 5G, o que representa apenas 2% do total de conexões móveis na região. “No Brasil, o percentual referente às conexões é de 13,5%”, disse Ari Lopes, gerente sênior de Service Providers Americas da Omdia.
Adoção do 5G na América Latina
A implantação do 5G na América Latina está em andamento em diversas regiões. Brasil, México, Chile e Colômbia estão entre os líderes na implementação da rede. Esses países investiram na realização de leilões de espectro e fornecimento de infraestrutura necessária para a expansão da tecnologia.
No Brasil, o leilão do 5G realizado em 2021 abriu as portas para as operadoras iniciarem operações em várias cidades. No México e no Chile, a cobertura tem sido expandida para áreas urbanas e regiões industriais. Países como Argentina e Peru ainda estão em estágios iniciais, mas também têm planos em andamento para introduzir a nova rede. Esse avanço destaca a busca por maior conectividade em toda a região.
Segundo noticiado pela Telesintese, juntos, Brasil e México detém quase todo o mercado 5G na América Latina. Um movimento considerado natural, uma vez que países mais populosos têm mais clientes. Apesar disso, no caso do 5G, o percentual é maior do que aconteceu com tecnologias anteriores.
Até 2028, a previsão é que as conexões 5G na América Latina atinjam 54% dos acessos móveis em 2028, isto equivale a 477 milhões de acessos.
Benefícios do 5G

Os benefícios do 5G podem ser observados em vários setores produtivos. Na agricultura, sensores podem monitorar o solo e a colheita em tempo real, aumentando a produtividade. Assim como pode acompanhar o desempenho do boi no campo, por exemplo. Na área da saúde, novas soluções de telemedicina permitem diagnósticos remotos cada vez mais precisos.
O setor de transporte também é impactado pela conectividade aprimorada, o que possibilita o monitoramento de veículos e a adoção de soluções para mobilidade urbana, questão em alta especialmente quando o assunto é cidades inteligentes.
O 5G também impulsiona o desenvolvimento e a implantação de cidades inteligentes, com tecnologias que otimizam o uso de energia, segurança pública e serviços de infraestrutura. Isso sem contar o aumento da eficiência em indústrias, com o uso de IoT e automação.
Desafios de Implementação
Embora o avanço do 5G na América Latina seja vistoso, há desafios que precisam ser superados. A construção de infraestrutura compatível, como a instalação de antenas e redes de fibra óptica, é custosa e demorada. Matéria de Nicolás Lucas, jornalista do El Economista, aponta que o avanço que todos esperam ainda depende de questões regulatórias e de políticas públicas. “A massificação do 5G, ou seja, alcançar 50% da base de usuários, exige que o preço dos aparelhos celulares seja inferior a U$75”, revela o texto.
A regulamentação de espectros de frequência também é um obstáculo. Nem todos os países avançaram homogeneamente nesse processo, o que pode atrasar a implementação em escalas maiores. Os altos custos da tecnologia representam uma barreira para o acesso de populações de baixa renda.
Outro desafio está atrelado à segurança e privacidade no uso das redes. Com mais dispositivos conectados, cresce a necessidade de medidas que protejam dados sensíveis e previnem ataques cibernéticos.
Apesar dos desafios, em apenas três anos após o início da implantação da tecnologia 5G no Brasil, a rede atingiu a cobertura de 1.507 municípios do país, atendendo a sete em cada dez brasileiros. Conforme dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Brasil superou antes do previsto a meta de cobertura populacional para a tecnologia 5G, que era de 57,6% da população até 2027. Essa antecipação deve-se, em grande parte, à atualização das normas municipais, que simplificou o processo de licenciamento e acelerou a implementação da infraestrutura necessária para redes móveis avançadas.
Avanço do 5G na América Latina: o que esperar?
Até 2030, o 5G deve representar pelo menos 70% de todas as assinaturas móveis na América Latina, segundo o Ericsson Mobility Report. A expansão da rede está prevista para atender tanto áreas urbanas quanto rurais, ampliando o acesso à conectividade.
O aumento no número de assinaturas também deve estimular o crescimento de novos modelos de negócios baseados na digitalização, como serviços financeiros, educação online e comércio eletrônico. A região também poderá se beneficiar do crescimento em áreas como inteligência artificial e big data, que dependem de redes mais rápidas e confiáveis.Outro aspecto importante será o uso do 5G para inclusão digital. A tecnologia pode reduzir desigualdades ao levar conectividade a outras áreas na América Latina. Em contraste, no setor B2B, a implementação inicial do 5G na América Latina tem sido focada no segmento corporativo, utilizando principalmente redes privadas e soluções como FWA (acesso fixo sem fio).