Julio Kristian Hansen. tecnologia eventos Julius Kristian Hansen, Gerente de Implantação de Serviços da Claro empresas (Foto: Divulgação)

A tecnologia por trás de grandes eventos

7 minutos de leitura

De grandes eventos, como o Web Summit Rio e a Fórmula 1, a redes varejistas e de bancos, Wi-Fi delivery habilita conectividade e aplicações em diversos níveis



Por Redação em 18/08/2025

A entrega de serviços com base nas redes Wi-Fi tem espaço de crescimento no país. No caso da Claro empresas, a experiência é diversificada e envolve de grandes varejistas a bancos e indústria automobilística, entre outros mercados, incluindo grandes eventos.

O Web Summit Rio 2025, realizado no Riocentro (com cobertura do Próximo Nível), é um exemplo. Na ocasião, a flexibilidade de combinar Wi-Fi com as redes 5G proporcionou a utilização de tecnologias diversas, com segurança e rapidez de acesso para o usuário final, como conta Julius Kristian Hansen, Gerente de Implantação de Serviços da Claro empresas. Nesta entrevista, ele conta como a companhia aprimorou experiência para esse tipo de fornecimento e pontua o porquê as soluções de entrega de conectividade (delivery) são mais seguras e vantajosas para ambientes com grande fluxo de pessoas. Acompanhe.

Como você avalia a adoção do Wi-Fi atualmente?

tecnologia eventos
Foto: Adobe Stock

O uso do Wi-Fi evoluiu muito. Inicialmente, era para funcionários, mas agora é usado para venda direta via tablet, conectando o funcionário ao cliente na loja e agilizando até o fechamento da venda, ao mesmo tempo em que evita filas. Estamos implementando câmeras com mapeamento da experiência do usuário nas lojas de uma grande rede varejista, por exemplo. Isso nos permite fornecer uma inteligência de dados que indica quantos usuários passam em frente à loja e quantos param e entram nela. Também mapeamos quais prateleiras geram mais interesse e conseguimos desenhar mapas de calor das áreas de maior visitação dos clientes. São informações importantes para que os varejistas alinhem as suas estratégias de negócios.

Como a tecnologia tem evoluído para habilitar essas aplicações? 

Atualmente, estamos no Wi-Fi 6, caminhando para o 6E, e o Wi-Fi 7 já está batendo à porta. No Riocentro, onde acontece anualmente o Web Summit Rio – que é nosso cliente – usamos o Wi-Fi 6 e o 6E na edição de 2025. Nesse caso, utilizamos o 6E no Pavilhão 5, que era a área de imprensa e área VIP, para proporcionar uma experiência diferenciada. 

O Wi-Fi 6E oferece uma frequência adicional, maior velocidade e, com menos usuários conectados, uma experiência de rede melhor. Atualmente, as nossas áreas de produtos e desenvolvimento já estão trabalhando com o Wi-Fi 7 para futuros produtos da Claro empresas também.

E a segurança da rede e proteção de dados, funcionam como nesses casos? 

Foto: Adobe Stock

Todos os nossos clientes corporativos têm firewalls configurados pela Claro empresas, garantindo a segurança desde o ponto de acesso até a internet. Sobre a proteção de dados, o padrão é simples: todo dado que possa gerar identificação pessoal não é tratado de forma pessoal. Geramos apenas informações macro, como o número de clientes que passaram por um local específico, em linha com a Lei de Proteção de Dados (LGPD). Enfim, entregamos o dashboard, mas a utilização e interpretação das informações são restritas a eles e não transitam internamente na Claro empresas. Para as empresas clientes, todavia, é muito importante ter e usar essas informações anonimizadas para identificar campanhas eficazes e produtos e serviços de maior interesse do cliente final.

A entrega de serviços de Wi-Fi para clientes corporativos exige um ecossistema de parceiros. Como a Claro empresas habilita esse processo?

Nós selecionamos parceiros que possuem conhecimento necessário para atender às nossas demandas, seja em Wi-Fi ou seja em segurança de dados e outros aspectos de TI e comunicações (TIC). A área de Implantação faz as especificações e a área de suprimentos busca os parceiros no mercado para atenderem tanto a capacidade técnica quanto a capilaridade que precisamos. Por exemplo, clientes como Bradesco, Itaú, Santander, Crefisa e Boticário têm redes por todo o Brasil, então nossos parceiros precisam ter essa capacidade de atendimento rápido e de qualidade do Amazonas ao Rio Grande do Sul.

Qual é a vantagem para um cliente corporativo contratar a Claro empresas para esse tipo de serviço de delivery, em vez de ter a sua própria rede Wi-Fi interna?

Imagem gerada por Inteligência Artificial

A principal vantagem está nos ganhos de sinergia, pois todos os serviços são concentrados na Claro empresas. Montamos o que  chamamos de um “enxoval Claro empresas”. Isso inclui a instalação de racks (o “coração” da TI da loja), no-breaks, toda a rede cabeada para balcões, além do Wi-Fi e acesso à internet. Também fazemos o tratamento de dados de câmeras e operação de telões, concentrando tudo em um ponto focal. Se houver qualquer problema (no-break, internet, Wi-Fi), o cliente abre um único chamado em nosso centro de operações.

Quais são as principais verticais de mercado que demonstram maior apelo pelos serviços de delivery?

Os nossos serviços estão bem permeados em diversos mercados, mas temos uma grande penetração no setor automotivo, em clientes como Sascar (rastreamento). No mercado financeiro, a Claro empresas tem uma presença histórica e grande experiência, atendendo clientes como o Banco Inter (na parte de Omnichannel), o Banco do Brasil, a Caixa e outros como os citados no início desta entrevista. Enfim, estamos presentes em praticamente todas as verticais de mercado.

Além dos clientes tradicionais, a área de grandes eventos é usuária potencial de soluções de delivery. Como a Claro empresas atua nesse nicho? 

Em grandes eventos, trabalhamos em duas frentes: Wi-Fi, que efetivamente gerencia o uso de informações e dados, e 5G, para suportar o uso de grandes volumes de dados e de usuários, principalmente em áreas externas. No Web Summit Rio, por exemplo, cobrimos os sete pavilhões com Wi-Fi de alta capacidade e a Claro instalou antenas 5G, inclusive internas, devido ao grande volume de usuários (35.000 em três dias). Muitos usuários preferem usar o Wi-Fi para não consumir seus dados móveis, enquanto outros preferem a segurança de sua rede 5G. Essa abordagem é fundamental para eventos com grande concentração de público, como a Fórmula 1 também.

Como é feito o dimensionamento da rede Wi-Fi para lidar com o tráfego nesses casos? 

A primeira etapa é identificar a utilização esperada, ou seja, quantos usuários teremos simultaneamente usando a rede. Também é importante determinar que tipo de utilização deve ser adotada: download de aplicativo, vídeos. Cada tipo de uso demanda uma capacidade diferente da rede. O fluxo de pessoas é igualmente avaliado, pois é diferente atender um ginásio onde as pessoas estão paradas e atender a um evento como o Web Summit Rio, onde há um “mar rios de pessoas” migrando entre palcos (cerca de 400 pessoas com dispositivos se movendo simultaneamente após cada palestra). Analisamos o fluxo (estático ou móvel), as características de uso, o volume de pessoas e o tempo de utilização. Com base nisso, definimos o tipo e o dimensionamento dos pontos de acesso, assim como a quantidade de hotspots necessária e suas capacidades. 

Como o desempenho da infraestrutura é acompanhado durante o evento? 

No Web Summit Rio, pelo segundo ano consecutivo, usamos a tecnologia Cisco Catalyst. Antes do evento, configuramos a rede e realizamos simulações, testando em eventos menores, como a feira Laad Defense & Security, da área de defesa e segurança. No Riocentro, mantemos um centro de operações que monitora toda a rede em tempo real. Tivemos uma equipe de 12 pessoas focadas apenas no Web Summit Rio, atuando para ajustar configurações, como aumentar ou diminuir a potência dos pontos de acesso ou ajustar a cobertura para evitar interferências. 

A tecnologia que usamos permite controlar a abertura ou fechamento da cobertura do sinal. Além disso, temos um centro de operações de rede (NOC), em São Paulo, que monitora outros clientes e faz ajustes, utilizando diferentes tecnologias de diversos fornecedores, com equipes dedicadas para cada uma delas. 

Como você avalia que essa infraestrutura reflete na experiência de um usuário de telefonia móvel da Claro em eventos como o Web Summit? 

Foto: Jack McCauley/ Web Summit Rio

O usuário precisa optar se quer usar o 5G ou o Wi-Fi. Em eventos como o Web Summit Rio, a nossa rede é disponibilizada sem a necessidade de um captive portal (que captura informações do cliente). O cliente não queria esse requerimento, então o usuário podia se conectar diretamente, sem senha ou dados. Em outros projetos – que não sejam eventos – a maioria geralmente prefere o uso de um captive portal em suas instalações, o que exige do usuário realizar um cadastro para acessar a rede. 

A instalação e ativação de redes em eventos são mais rápidas atualmente? 

Sim, hoje em dia está muito mais rápido. Temos a habilidade, equipes e conhecimento para isso. No primeiro ano do Web Summit Rio (2023), tivemos apenas dez dias para montar sete pavilhões no Riocentro. Isso inclui toda a infraestrutura metálica, tubulação seca e 45.000 metros de cabos instalados. Foram 360 pontos de acesso nessa ocasião. Já em 2025, o evento cresceu e instalamos 552 pontos de acesso. 

O cabeamento de Wi-Fi fica fixo no local após o evento, ou a Claro empresas retira e reinstala na edição seguinte? 

No Riocentro, o cabeamento de Wi-Fi e as antenas nos pavilhões 1, 2, 3 e 6 ficam fixos. No entanto, todas as antenas externas e seus cabeamentos são retirados, pois o Riocentro não permite a fixação permanente de estruturas externas. O cabeamento que atende aos estandes dos expositores é 100% novo a cada evento, pois é danificado durante a desmontagem. Além disso, os layouts dos pavilhões mudam constantemente.

Que lições foram tiradas da experiência com o Web Summit Rio 2025 que podem ser aplicadas em outros eventos? 

A experiência, que inclui o entendimento do tipo de utilização e o caso de uso, pode ser replicada em diversos eventos. Visualizamos a aplicação da nossa infraestrutura em eventos privados para empresas, caso dos encontros de funcionários em hotéis ou resorts, por exemplo. 

Outra aplicação são os grandes eventos para o público em geral, caso da Fórmula 1, torneios de tênis e jogos de futebol. Em grandes centros de convenções, como o próprio Riocentro e o Palácio das Exposições, também são casos de sucesso. A Bienal do Livro do Rio de Janeiro, por exemplo, foi atendida pela mesma rede que usamos para o Web Summit Rio, embora seja um evento de 12 dias consecutivos.

Em relação aos mapas de calor em eventos grandes como o Web Summit ou a Fórmula 1, vocês já fornecem esses dados aos organizadores para uso em marketing? 

Existem dois tipos de mapas de calor: um é puramente técnico, usado para dimensionar o Wi-Fi, medindo a cobertura e o campo do sinal. Esse é totalmente impessoal. O segundo é o mapa de calor para marketing e dados de negócios. Ele ainda não é fornecido para eventos grandes como Web Summit, Fórmula 1 ou ATP de tênis, mas já é utilizado por uma grande rede varejista, inclusive com câmeras para coletar as informações para o mapa de calor.

Para finalizarmos, apesar da organização, eventos costumam ter imprevistos. Pode nos falar de algum caso em especial e de como a Claro empresas resolveu a questão?

Na véspera do Web Summit Rio, houve um curto-circuito no duto de energia que alimenta os pavilhões do Riocentro, atingindo três deles. A gestão do Riocentro e a equipe do Web Summit decidiram substituir tudo para evitar novos problemas. Trabalhamos de madrugada durante três horas seguidas. Tivemos de desligar toda a nossa rede para evitar danos aos equipamentos, mas reconfiguramos, subimos e testamos a rede novamente, garantindo que tudo estivesse pronto para o dia seguinte.



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