desafios do streaming no SET Expo 2025 Foto: Claro empresas/ Divulgação

Por trás da tela: a odisseia do streaming

3 minutos de leitura

Painel do SET Expo 2025 aborda bastidores e estratégias para entregar streaming de qualidade em um cenário fragmentado de plataformas e dispositivos.



Por Fernando Gaio em 21/08/2025

O que o espectador enxerga ao clicar para assistir a um filme é, na realidade, o resultado de múltiplos testes com códigos, interfaces e estratégias de negócio. No painel “A odisseia invisível do streaming do código ao sofá: como garantir uma experiência de qualidade em ambientes complexos e fragmentados”, realizado no Congresso SET Expo, profissionais do setor audiovisual mergulharam nos bastidores desta
engrenagem.

Moderado por Salustiano Fagundes, o debate trouxe uma visão sobre os desafios de entregar conteúdo em um ecossistema fragmentado, onde o sinal de vídeo percorre dispositivos e sistemas operacionais como Android TV, webOS e tvOS, em telas de todos os tamanhos.

Stephen L. Hodge, diretor executivo da OTTera, empresa responsável por mais de 700 aplicativos de streaming e 5.000 canais FAST em todo o mundo, compartilhou a realidade da expansão internacional. Segundo Hodge, replicar uma solução de sucesso em um novo mercado é uma estratégia fadada ao fracasso. Ele afirma que a chave para a escala global está na capacidade de adaptar-se às particularidades de cada região.

Stephen L. Hodge (Foto: WL Imagens/ SET Expo 2025)

“Não existe um ad server único que funcione em todos os lugares, e o mesmo vale para os gateways de pagamento”, explicou. Ele detalhou como a liderança de dispositivos varia: “Enquanto a Roku domina a América do Sul, a Android TV tem uma presença enorme na Europa. Nos Estados Unidos, o HTML5, impulsionado por Samsung e LG, é o que prevalece”. Essa fragmentação impõe um desafio de adaptação de interface e usabilidade (UX/UI), já que botões, layouts e tela precisam ser ajustados para cada ecossistema. A OTTera precisa lidar com a complexidade de entregar uma boa experiência, mesmo quando o hardware e o software são completamente diferentes.

Globoplay: “Feito para e por brasileiros”

Daniel Monteiro, head de desenvolvimento de produto & tecnologia do Globoplay, trouxe um estudo de caso sobre a evolução da plataforma. Ele narrou a trajetória que começou como um serviço de catch-up TV e se transformou em uma plataforma com conteúdo original, canais ao vivo e uma estratégia de colocar a TV em primeiro lugar.

Daniel Monteiro (Foto: WL Imagens/ SET Expo 2025)

Para ele, essa evolução só foi possível graças a uma mudança de mentalidade, tanto técnica quanto organizacional. “Percebemos que, em vez de times segmentados, precisaríamos de equipes multidisciplinares, focadas em desafios de negócio”, afirmou. Essa abordagem fortaleceu a conexão entre produto, engenharia e experiência do usuário. Ele também enfatizou a importância da excelência e de um processo rigoroso. Evitar um backlog grande e focar em funcionalidades que fazem a diferença é o que permite evoluir continuamente, explica.

Experiência do produto como pilar estratégico

Rafael Brandão, executivo de UX & produto da Claro empresas, trouxe a discussão para o campo da experiência do usuário, mostrando como a análise do comportamento do consumidor é o motor para a inovação. “A construção de um produto começa com a identificação de necessidades e só se consolida com validação e métricas”, ressaltou. Em um cenário com dezenas de modelos e fabricantes de TVs e dispositivos, entender como o usuário interage determina como reduzir atritos e orientar decisões.

Rafael Brandão. desafios do streaming no SET Expo 2025
Rafael Brandão (Foto: WL Imagens/ SET Expo 2025)

Brandão explicou que a empresa combina dados qualitativos (de notas em lojas on-line, por exemplo) com métricas quantitativas de consumo. Essa análise permite contrapor a percepção do usuário com seu comportamento. Ele também defendeu a necessidade de testes tanto nas etapas de aquisição quanto na navegação dentro do catálogo. “Pequenas mudanças no design de telas podem alterar os índices de conversão”.

Ao aprofundar-se no desafio da experiência em Smart TVs, Brandão revelou a estratégia da Claro empresas de manter um laboratório com quase 80% dos dispositivos do seu parque de usuários. Embora seja impossível abranger 100% dos cenários, essa abordagem permite identificar comportamentos e testar a jornada do consumidor, aprimorando a tomada de decisões, explicou. Segundo o executivo, a avaliação faz parte do ciclo de vida do produto, com rotinas que monitoram tanto a experiência de merchandising quanto o consumo real. “Nada é mais frustrante do que encontrar uma barreira na hora de assistir a um conteúdo”, finalizou, reforçando a necessidade de equilibrar usabilidade e desempenho com a percepção de valor.



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