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Mulher sorridente usando laptop em ambiente moderno com bandeira do Brasil ao lado, simbolizando profissionalismo e conexão com o país. Imagem gerada digitalmente

Brasil é referência de inovação aberta com Open Gateway

4 minutos de leitura

Operadoras, indústrias e startups desenvolvem serviços mais seguros, simples e integrados, sobre arranjos de colaboração centrados no cliente



Por Redação em 10/10/2025

Com setores econômicos de alta maturidade digital, consumidores adeptos a inovações e uma infraestrutura avançada de comunicação móvel, o Brasil se torna uma referência na criação de serviços sobre Open Gateway. Os resultados e os desdobramentos das iniciativas pioneiras foram eixos do painel Open gateway, APIs de rede e ecossistemas digitais, no Futurecom 2025.

O Open Gateway, uma iniciativa global liderada pela GSMA (associação global de operadoras móveis), especifica um conjunto de APIs (interfaces entre sistemas) para que diversos tipos de aplicações requisitem dados e funcionalidades da rede. 

“Antes do Open Gateway, a rede era tratada como uma tubulação de dados e as OTTs (plataformas sobre a rede) traziam as inovações. Agora, as operadoras podem atuar junto aos desenvolvedores para criar soluções para vários setores”, comparou Alejandro Adamowicz, diretor de tecnologia e engajamento estratégico da GSMA.

O Open Gateway foi lançado oficialmente em fevereiro de 2023, durante o Mobile World Congress (MWC) de Barcelona, pela GSMA. Entre as 21 operadoras que aderiram de início, se incluem as quatro que atuam no Brasil.

No Brasil, as operadoras e o setor financeiro foram particularmente rápidos em aproveitar a padronização do Open Gateway para atacar a prioridade de prevenção a fraudes. Alguns meses após a publicação das especificações, Claro, TIM e Vivo lançaram três serviços de demanda generalizada e alto impacto na segurança das transações: verificação de número, troca de chip (SIM Swap) e localização de dispositivos.

“Esse tipo de colaboração entre operadoras e bancos antes implicava um longo tempo para a harmonização técnica. Hoje, se podem desenvolver as APIs em menos de um mês, e as funcionalidades ficam imediatamente disponíveis para criação de serviços”, disse Adamowicz.

A riqueza de funções e a adaptabilidade das redes 5G, segundo Adamowicz, coloca um extenso horizonte de possibilidades, principalmente para habilitar aplicações críticas. Por exemplo, para casos de uso com requisitos pesados de compliance, pode-se definir que os dados só trafeguem por canais segregados. Outros critérios minuciosos relacionados a QoS (qualidade de serviço) garantem banda constante e baixa latência, requisitos para aplicações como transmissões ao vivo. Todas essas funcionalidades são passíveis de monetização, com facilidade de integração e transparência para os clientes. Como resultado, são viabilizados serviços mais ricos, customizados e rápidos de implementar e escalar.

Dados compartilhados para cercar das fraudes

Pessoa usando celular com alertas de segurança e aviso de risco digital, simbolizando ameaças cibernéticas e segurança online.
Foto: Pakin / Adobe Stock

Bruno Cezzaretto, executivo de novos negócios do Itaú Unibanco, informou que o SIM Swap tem 6 milhões de consultas por mês. Ele contou que as funções construídas sobre o Open Gateway fortalecem vários processos, como atendimento ao cliente e abertura de contas.

Na prevenção a fraudes, o cruzamento dos dados da rede ao contexto da transação permite que se pensem em vários mecanismos de proteção. Pode-se, por exemplo, detectar uma chamada em curso durante a realização de um Pix, que sinalize um possível golpe. Ao mesmo tempo, Cezzaretto salientou o efeito positivo na experiência do cliente. Quando consente a troca de informação entre seus fornecedores altamente regulados e confiáveis – operadora e banco -, o cliente simplifica sua rotina em casos de trocas de aparelho ou pagamentos, com mecanismos de segurança mais fortes e menos atritivos.

Ecossistema de inovação com o cliente no centro

“Quanto mais se mirar na experiência do cliente, maior a chance de se somar valor”, defendeu Daniela Martins, diretora-geral da Conexis. Ela explicou que a ideia é que o consumidor receba serviços confiáveis e fluidos, sem sequer perceber as orquestrações das APIs que acionam os elos multiempresa da cadeia de valor.

Cezzaretto, do Itaú, observou que processos que geram fricção, como exigência de preenchimento de campos, muitas telas e autenticação trabalhosa, acabam gerando risco comercial e abandono de ofertas. Interações mais fáceis também ajudam a causar estranhamento diante da requisição indevida de informações por golpistas, o que atenua a vulnerabilidade à engenharia social. “Com o Open Gateway, empilhamos nossas capacidades de proteção (com a contextualização de dados de múltiplas fontes) para entregar soluções mais simples e confiáveis aos clientes”, disse.

Carlos Sarli, consultor de soluções da Nokia, destacou a estratégia da fabricante de promover a aproximação das operadoras aos desenvolvedores de aplicações, com SDKs (kits de programação), que simplificam as chamadas às APIs que expõem dados da rede. “Atuamos para fomentar soluções inovadoras em diversas verticais, como finanças, transporte e serviços públicos”, informou.

Para que as operadoras possam monetizar os dados gerados pela rede, Sarli mencionou a ferramenta NFE (Exposição de Funções de Rede), que habilita a infraestrutura para “conversar” com as aplicações por meio das APIs.

Leonardo Siqueira, diretor de monetização de dados da TIM, explicou que o Open Gateway gira em torno de três temas: ativos (a base de usuários e dos dados operacionais da rede); soluções (funções de negócio e aplicações); e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) como balizador para o escopo dos serviços.

Andreisa Flores, gerente de comunidades Itaú Cubo, argumentou que o Open Gateway, ao agilizar a integração técnica, abre a possibilidade de soluções transversais, que combinam soluções de várias indústrias em torno de seus clientes comuns. “Com a reunião de diversos atores, começam a se ver oportunidades além do óbvio”, observou. Ela defendeu que a padronização viabiliza um ambiente de inovação aberta, em que indústrias, provedores de tecnologia e startups criam modelos colaborativos para explorar e gerar oportunidades.

Além de seu portal de APIs Open Gateway, a Claro empresas mantém o programa Conexão Claro Open Gateway for Startups, que inclui ferramentas, suporte e um crédito de mil chamadas mensais, para criação e testes de serviços que consumam as APIs.



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