A concentração de data centers nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro é uma das principais preocupações apontadas pela Anatel em novo relatório sobre o tema. De acordo com a agência, a aglomeração geográfica levanta riscos relacionados à segurança e resiliência das redes nacionais.
Entre as medidas propostas está a criação de um Plano Nacional de Data Centers para desconcentrar a instalação desse tipo de infraestrutura no país. A ideia é que a implantação de novos centros de dados aconteça em locais estratégicos. Entre as medidas previstas, duas iniciativas já estão em andamento e podem contribuir para o processo de descentralização.
A primeira delas é conduzida pela própria Anatel e envolve a implementação de um dashboard nacional para monitoramento e análise contínua dos data centers, o que deve auxiliar na identificação das concentrações geográficas. Para a agência, a ferramenta deve orientar políticas públicas voltadas à promoção da diversidade territorial e à descentralização das infraestruturas críticas.
A segunda iniciativa está sob a responsabilidade do Ministério das Telecomunicações, que estuda uma política nacional para cabos submarinos. O objetivo é adotar medidas que estimulem a instalação desses cabos ao longo da costa brasileira, incentivando o uso de novos pontos de ancoragem além dos usados tradicionalmente.

A concentração atual dos data centers nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro é justificada pela infraestrutura robusta e pela proximidade das grandes empresas e instituições financeiras do país. Além disso, a concentração em São Paulo se deve à alta demanda da região por esse tipo de serviço. No caso do estado do Rio de Janeiro, a oferta de incentivos tributários para atração de empreendimentos é outro fator de concentração.
De acordo com o site Convergência Digital, o documento também aponta a vulnerabilidade do Brasil em relação ao processamento de dados. Cerca de 60% da carga é tratada no exterior, o que pode comprometer sistemas críticos, como o PIX, em caso de falhas.
Regulação e segurança cibernética
O material também trata de regulação e destaca que a agenda 2025-2026 da Anatel inclui a reavaliação do Regulamento de Segurança Cibernética aplicado ao Setor de Telecomunicações, com foco nos aspectos normativos de data centers e cloud computing. Nesse contexto, vale lembrar que os data centers que integram as redes de telecomunicações são passíveis de avaliação da conformidade e de homologação pela agência.
Outra exigência da Anatel é que as prestadoras de telecomunicações devem incluir, em suas políticas de segurança, critérios rigorosos para a contratação de serviços de data center e computação em nuvem. A medida impõe a avaliação da capacidade e das práticas do fornecedor, o mapeamento de riscos e o grau de dependência, funcionando como uma regulação indireta desses ambientes críticos.
